A VOEPASS Linhas Aéreas, uma das companhias regionais mais tradicionais do Brasil, protocolou na noite desta terça-feira, dia 22 de abril, um pedido de recuperação judicial. A medida ocorre após uma série de eventos críticos que abalaram a saúde financeira e operacional da empresa, incluindo o trágico acidente do voo 2283, a suspensão das operações pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e disputas contratuais com a LATAM Airlines.
O Acidente
O ponto de inflexão para a VOEPASS foi o acidente ocorrido em 9 de agosto de 2024, quando o voo 2283 caiu em Vinhedo (SP), resultando na morte de todas as 62 pessoas a bordo. Este foi o acidente aéreo mais letal no Brasil desde 2007. A tragédia desencadeou uma série de fiscalizações e exigências por parte da ANAC, que culminaram na suspensão das operações da companhia em 11 de março de 2025, devido a irregularidades nos sistemas de gestão e segurança operacional.
Disputa com a LATAM

Agência Brasil/Divulgação
Paralelamente, a VOEPASS enfrentou dificuldades financeiras agravadas por uma disputa com a LATAM Airlines. Segundo a VOEPASS, a LATAM teria deixado de cumprir obrigações contratuais, resultando em um prejuízo de R$ 35 milhões. A parceria entre as duas empresas representava uma fatia importante do faturamento da VOEPASS, e a interrupção dos pagamentos afetou diretamente o fluxo de caixa da companhia.
Pedido de Recuperação Judicial
Diante do cenário adverso, a VOEPASS ajuizou um pedido de recuperação judicial com o objetivo de reestruturar suas dívidas, estimadas em R$ 400 milhões. A empresa busca reorganizar seus passivos e garantir a continuidade de suas operações, preservando empregos e serviços essenciais para a aviação regional brasileira.
Em fevereiro de 2025, a companhia já havia obtido na Justiça uma medida cautelar que suspendia por 60 dias o arresto de aeronaves e a cobrança de credores, proporcionando um prazo para negociações e tentativa de evitar a falência.
Linha do Tempo da Crise
Fundada em 1995 como Passaredo Linhas Aéreas, a companhia aérea passou por um processo de rebranding em 2020, passando a se chamar VOEPASS Linhas Aéreas. Ao longo de quase três décadas, consolidou-se como uma importante operadora regional, atendendo diversas cidades médias e pequenas do Brasil.
No entanto, o ano de 2024 marcou o início de uma das fases mais turbulentas da história da companhia. Em agosto, o voo 2283 caiu em Vinhedo (SP), resultando na morte de 62 pessoas. Foi o acidente aéreo mais grave do país em quase duas décadas e teve repercussões imediatas na estrutura da empresa.
Além do impacto humano e institucional do acidente, a VOEPASS enfrentou cancelamentos de rotas, dificuldades operacionais e forte pressão da ANAC. Em fevereiro de 2025, a companhia ingressou com um pedido judicial de reestruturação financeira, na tentativa de evitar o colapso das atividades, o que já demonstrava a gravidade da situação. Pouco depois, em março, a ANAC suspendeu todas as operações da empresa, alegando falhas nos sistemas de segurança operacional e gestão interna.
A empresa também se viu obrigada a realizar demissões em massa como medida emergencial para conter os prejuízos, abalando profundamente sua força de trabalho.
Passageiros e Colaboradores
A VOEPASS afirmou que, apesar das dificuldades, continuará priorizando o pagamento de salários e benefícios de seus colaboradores, bem como honrando compromissos com clientes e parceiros comerciais. A empresa também destacou que os processos indenizatórios relacionados ao acidente de agosto de 2024 estão sendo conduzidos por meio da seguradora responsável, sem impacto direto no processo de recuperação judicial.
Perspectivas e Próximos Passos
A recuperação judicial é uma tentativa da VOEPASS de superar a crise e retomar suas operações de forma sustentável. A companhia conta com assessorias jurídicas e financeiras especializadas para conduzir o processo e buscar soluções que permitam a continuidade de suas atividades, fundamentais para a conectividade de diversas regiões do Brasil.
A ANAC, por sua vez, condiciona a retomada das operações à comprovação de que a VOEPASS atende aos padrões de segurança exigidos. A empresa se diz empenhada em implementar as correções necessárias e recuperar a confiança dos órgãos reguladores e do público.
Tome Nota
O caso da VOEPASS lança luz sobre os desafios enfrentados pelas empresas de aviação regional no Brasil, um setor marcado por margens apertadas, altos custos operacionais e grande dependência de acordos comerciais. O desfecho deste processo será determinante para o futuro da conectividade aérea em cidades menores, onde a companhia era uma das poucas opções disponíveis.
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