Conforme amplamente noticiado no início do mês de maio, a Qantas encomendou, entre outros, 12 aviões do modelo A350-1000, para dar continuidade ao Projeto Sunrise, suspenso em maio de 2020 devido à pandemia da Covid-19. A empresa australiana pretende, com o uso dessas aeronaves de ultra longa distância, voar percursos superiores a 16.000km, sem a necessidade de uma parada técnica para reabastecimento.
Atualmente, o voo mais longo non-stop operado pela Qantas é o trecho entre Perth, na costa oeste da Austrália, a Londres, cuja distância é de 14.500km, cumpridos em, aproximadamente, 17 horas de voo. Este trecho, sem paradas entre as duas cidades, revelou-se muito popular, tanto que, segundo a empresa, 75% do tráfego de passageiros tinha como origem ou destino final a cidade de Perth.
Dado o sucesso da rota, a empresa australiana identificou a demanda para investir em uma rota sem escalas entre as duas principais capitais econômicas da costa leste da Austrália, Sydney e Melbourne, e metrópoles como Londres, Paris e Nova York.
Muito se especula, no contexto do projeto Sunsire, se a Qantas operaria voos entre Sydney e São Paulo ou Rio de Janeiro, sem paradas. Vale aqui ressaltar que, na América do Sul, a empresa já operou voos de Sydney direto para Buenos Aires (até 2012) e para Santiago – este suspenso em decorrência da pandemia, com previsão de retomada para o dia 31 de outubro de 2022.
Vejamos, agora, a análise dos custos que a Qantas teria para operar o trecho entre Sydney e São Paulo, utilizando a aeronave recém encomendada para o projeto Sunrise, na configuração anunciada de 238 passageiros, divididos da seguinte forma: 6 assentos em primeira classe, 52 em classe executiva, 40 em econômica premium e 140 em econômica.
De acordo com os dados fornecidos pela RDC Aviation, o custo para operar somente o trecho SYD-GRU sem paradas, levando em consideração uma ocupação de 90% da aeronave, seria em torno de US$ 1.170,00 (R$6.000) por passageiro, excluídas as taxas aeroportuárias. Dada à distância de 13.400km que separa os dois destinos, a despesa com combustível gira em torno de 50% do custo total por passageiro, conforme se vê no quadro abaixo.
Fica claro que, para justificar o investimento da Qantas em um voo direto entre Sydney e São Paulo, tem de haver uma forte demanda de tráfego corporativo, em razão dos altos custos para operar a rota.
Via de regra, o passageiro de viagem a negócios, com menor flexibilidade de horários e cioso por uma experiência mais conveniente, estaria mais propenso a pagar tarifas mais altas pela comodidade e facilidade de se alcançar mais rapidamente o destino final.
Por outro lado, o passageiro de turismo ou estudantes que, em regra, possuem maior flexibilidade de tempo e antecedência para planejamento, estão mais propensos a pagar uma tarifa mais baixa, ainda que o trajeto envolva uma ou duas conexões. A pergunta que fica é:
Haveria demanda suficiente de passageiros dispostos a pagar um preço premium para voar direto do Brasil para a Austrália?
A Qantas, antes de cogitar este trecho direto para o Brasil, certamente testará os voos ultralongos, no contexto do Projeto Sunrise, em mercados mais consolidados, principalmente entre a Austrália e o Reino Unido – a famosa “Kangoroo Route”, em decorrência dos fortes links culturais entre os dois países.
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