O Grupo Lufthansa está na liderança das negociações para adquirir 20% da Air Europa, superando a proposta da Air France-KLM. A família Hidalgo, proprietária de 80% da companhia por meio da Globalia, busca um parceiro estratégico para fortalecer a posição financeira da Air Europa. O projeto visa a estratégia de expansão internacional da companhia, no entanto, sem abrir mão do controle operacional.
Essa movimentação reflete o interesse crescente das grandes companhias aéreas europeias na consolidação do mercado. Dois são os focos principais desse tipo de movimento. Primeiro, estabelecer maior controle e operação de rotas, especialmente no sul do continente. Além disso, ampliar o controle de rotas internacionais estratégicas para a América Latina.
Reestruturação Financeira e Ampliação de Capital
A venda de 20% da Air Europa incluiria uma ampliação de capital, permitindo que a companhia aérea saldasse um crédito de 235 milhões de euros com a SEPI (Sociedad Estatal de Participaciones Industriales). Este montante precisa ser quitado até o final de 2026. Além disso, o acordo ajudaria a refinanciar outros 240 milhões de euros em dívidas com o Instituto de Crédito Oficial (ICO), valores contraídos durante a pandemia.
Em dezembro de 2024, a Air Europa já havia conseguido equilibrar sua situação financeira imediata por meio de uma injeção extraordinária de 81 milhões de euros. Deste valor, 65 milhões de euros foram por meio de aporte pela família Hidalgo, a partir de ativos imobiliários. Além disso, 16 milhões de euros foram provenientes de aporte da IAG (International Airlines Group), atual acionista minoritário, para evitar a diluição de sua participação de 20% na companhia.
Essas medidas permitiram que a Air Europa fechasse 2024 com um faturamento de 2,9 bilhões de euros, um aumento de 6% em relação ao ano anterior, com lucro líquido próximo a 200 milhões de euros. A valorização de mercado da empresa cresceu 30% entre 2022 e 2024, passando de 500 para 650 milhões de euros.
Para 2025, a previsão é superar 3 bilhões de euros em faturamento, um recorde histórico que reforça o potencial da Air Europa como um ativo estratégico.
O Interesse da Lufthansa e a Expansão para a América Latina
A Air Europa desempenha um papel fundamental na conexão entre a Europa e a América Latina, especialmente em mercados como Brasil e Colômbia. A aquisição de 20% da companhia permitiria à Lufthansa consolidar sua posição em rotas transatlânticas lucrativas, complementando o hub de Roma-Fiumicino, criado após a compra de 41% da ITA Airways em 2023 por 325 milhões de euros.
A operação também fortaleceria a presença da Lufthansa no mercado turístico espanhol, especialmente nas Ilhas Baleares, destino de 42% dos turistas alemães que visitam a Espanha.
Segundo fontes do setor, a Lufthansa melhorou sua proposta e seus representantes visitaram recentemente a sede da Air Europa em Llucmajor, Mallorca, para analisar possíveis sinergias. Esse movimento teria sido determinante para inclinar a balança a favor da companhia alemã.
Por outro lado, a Air France-KLM também vê a aquisição como uma oportunidade estratégica, buscando reforçar sua rede de rotas na Espanha e na América Latina. No entanto, sua proposta não conseguiu competir com a da Lufthansa.
Oportunidade Após a Retirada da IAG
O interesse renovado na Air Europa surge após a IAG (dona da Iberia) ter desistido de adquirir a companhia, devido às exigências da Comissão Europeia, que demandavam a cessão de rotas-chave para aprovar a transação. Com a saída da IAG, a família Hidalgo voltou a buscar novos parceiros estratégicos para garantir a estabilidade financeira e o crescimento da empresa.
Se concretizada, a entrada da Lufthansa no capital da Air Europa poderá redefinir o equilíbrio do setor aéreo europeu, consolidando sua presença no mercado espanhol e fortalecendo sua rede de conexões com a América Latina.
Perspectivas Futuras da Aviação Europeia
A disputa entre Lufthansa e Air France-KLM pela Air Europa reflete um movimento mais amplo de consolidação do setor aéreo europeu, impulsionado por fusões, aquisições e parcerias estratégicas. A entrada da Lufthansa pode marcar um novo capítulo na reorganização do mercado, aumentando sua participação nas rotas ibero-americanas e fortalecendo sua posição frente a concorrentes globais.
Embora os detalhes finais das negociações ainda não tenham sido divulgados, o desfecho dessa disputa poderá reconfigurar a conectividade entre Europa e América Latina, com impactos significativos na estratégia das principais companhias aéreas do continente.
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