Mesmo após recuar em pontos sensíveis da recente revisão do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o governo federal manteve a alíquota já estabelecida para operações de câmbio e compras internacionais, decisão que afeta diretamente os brasileiros que viajam para o exterior.
Com a medida, operações como compras com cartões internacionais e remessas para contas fora do país seguem com alíquota unificada de 3,5%, tornando a viagem internacional ainda mais cara. Essa alíquota já havia sido estabelecida mesmo após uma revogação parcial do primeiro decreto de aumento do IOF pelo governo federal.
Novo pacote tributário
O governo federal publicou nesta quarta-feira (11) um novo pacote de medidas tributárias que reformula o aumento do IOF decretado em maio, após forte pressão do Congresso e do setor produtivo. A proposta reduz a carga sobre operações de crédito de empresas e sobre planos de previdência do tipo VGBL, mas compensa com aumento de impostos em áreas como apostas esportivas, criptoativos e investimentos isentos.
A alíquota das apostas nas chamadas bets subirá de 15% para 18% a partir de outubro de 2025. Já os rendimentos de LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), atualmente isentos, passarão a ser tributados em 5% a partir de janeiro de 2026.
As medidas foram formalizadas por meio de uma medida provisória e um decreto presidencial, após reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e líderes partidários, no último domingo (8).
Alívio para empresas, não para viajantes
A publicação do novo decreto veio após forte pressão do Congresso Nacional e de entidades do setor produtivo. O governo recuou parcialmente no aumento do imposto, beneficiando principalmente empresas, com mudanças no chamado “risco sacado” e nos planos de previdência privada de grande volume (VGBL). Para pessoas jurídicas, a alíquota diária de IOF volta a ser de 0,0082%, com taxa fixa de 0,38%.
Já para os viajantes brasileiros, pouca coisa mudou. A unificação do IOF em 3,5% nas operações de saída de recursos do país continua valendo para diversas transações ligadas ao turismo internacional.
🔗 Leia mais: Governo aumenta IOF para operações de câmbio – entenda o impacto para os viajantes
O que está mais caro para quem viaja
A nova alíquota de 3,5% incide agora sobre:
-
Compras com cartões de crédito, débito e pré-pago no exterior
-
Compra de moeda estrangeira em espécie
-
Remessas para contas pessoais no exterior
Antes da mudança, esses serviços tinham tributações diferentes: 3,38% no cartão, e apenas 1,1% para compra de moeda e remessas, ou seja, o aumento para algumas operações foi expressivo.
As remessas destinadas a investimentos, que antes do primeiro decreto tinha a alíquota de 0,38%, foram fixadas em 1,1%.
Segundo o governo, o objetivo seria reduzir distorções, como a de usuários que abrem contas no exterior para fugir da carga tributária local. Mas, na prática, o impacto recai sobre o bolso do turista comum.
🔗 Leia mais: Governo volta atrás sobre IOF! Veja o que mudou e o que não mudou
IOF para operações de câmbio
Compra de moeda estrangeira em espécie
- Como era: Alíquota de 1,1%
- Como ficou: Alíquota de 3,5%
Cartões de crédito, débito e pré-pagos
- Como era: Alíquota de 3,38%
- Como ficou: Alíquota de 3,5%
Remessas para o exterior destinadas a investimentos por pessoas físicas
- Como era: Alíquota de 0,38%
- Proposta inicial: Alíquota de 3,5%
- Como ficou: Alíquota de 1,1%
Remessas para contas de terceiros no exterior
- Como era: Alíquota de 0,38%
- Como ficou: Alíquota de 3,5%
Operações não especificadas
- Como era: Alíquota de 0,38%
- Como ficou: Entradas: alíquota de 0,38%. Saídas: alíquota de 3,5%
Viagens seguem na mira da Receita
Em entrevista recente, o chefe da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, foi direto ao justificar a manutenção da taxação:
“Nenhum país em desenvolvimento incentiva as pessoas a tirarem dinheiro do país, abrir conta corrente, para ter cartão no exterior”.
A frase sinaliza que, para o governo, manter o controle sobre o fluxo de capitais, ainda que penalizando turistas, é uma prioridade.
Estratégias e Adaptações para o Viajante
Com a medida do governo de unificar a alíquota de IOF em 3,5%, quem viaja para o exterior precisa adotar uma postura mais analítica na hora de decidir como vai movimentar seu dinheiro lá fora. A escolha do cartão de crédito e/ou conta global vai exigir comparações detalhadas de custo efetivo total.
No caso dos cartões de crédito, além do IOF, o que pesa é o spread cambial, que pode variar bastante entre instituições, indo de 1% a mais de 5% sobre o dólar comercial. Em contrapartida, alguns cartões voltados ao público viajante oferecem spread reduzido e, em alguns casos, até zerado, tornando-se alternativas competitivas se usados com critério.
Já as contas globais permitem manter saldo em moeda estrangeira e realizar pagamentos e saques diretamente em dólar, euro ou outras moedas. Mas atenção: essas contas também aplicam um spread na hora da conversão de reais para moeda estrangeira, que pode variar entre 0,9% e 2,5%, dependendo da plataforma. A vantagem, nesse caso, é a antecipação da conversão, o que traz previsibilidade e permite ao viajante escolher o melhor momento para operar o câmbio.
Ou seja, quem pretende viajar ao exterior precisará colocar as contas na ponta do lápis para decidir qual meio de pagamento oferece o melhor custo-benefício.
🔗 Leia mais: Cartões com IOF reduzido – Conheça as melhores opções para usar no exterior
Tome Nota
Enquanto o setor empresarial conseguiu uma vitória parcial, os viajantes seguem pagando mais para conhecer o mundo. Para quem sonha com a próxima viagem internacional, o momento pede ainda mais atenção às finanças e, se possível, antecipar reservas e trocas cambiais antes de novos ajustes entrarem em vigor.
Para Saber Mais
Para ler outras notícias que publicamos recentemente no Pontos pra Voar, clique aqui.
Que tal nos acompanhar no Instagram para não perder nossas lives e também nos seguir em nosso canal no Telegram?
O Pontos pra Voar pode eventualmente receber comissões em compras realizadas através de alguns dos links e banners dispostos em nosso site, sem que isso tenha qualquer impacto no preço final do produto ou serviço por você adquirido.
Quando publicamos artigos patrocinados, estes são claramente identificados ao longo do texto. Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Não usamos inteligência artificial na geração de conteúdo do Pontos pra Voar. Os conteúdos são autorais e produzidos pelos nossos editores.