Bom dia senhoras e senhores amantes das viagens e leitores do Direto da Galley. Acho que não falei ainda, mas para mim é um prazer estar com vocês todas as sextas-feiras às 08:03h, pontualmente!
Hoje eu quero falar um pouco de como os comissários estão lidando com a pandemia a bordo dos aviões. Com o avanço da vacinação em todo o mundo, desejamos e especulamos muito sobre a abertura de fronteiras, o retorno dos voos, a retomada do setor aéreo e do turismo mundial. Mas, como está a situação para quem lida com isso no dia-a-dia?
Desde o que apelidaram de “bolha de viagem”, onde cidadãos de alguns países podem se visitar sem ter que cumprir a custosa quarentena, até incentivos de dar água na boca para nos tirar de casa, o turismo tem sido alvo de muitas notícias. Mas, infelizmente, a verdade nua e crua é que ainda não dá sinais claros de recuperação.
Já pensou receber dinheiro para visitar Malta? E ir se vacinar nas Maldivas? Pois é, mas mesmo com a ideia de ter um passaporte de vacinas virtual, os brasileiros ainda estão longe de conseguir liberdade para viajar. A União Europeia ainda não reconhece como legítima a vacina mais aplicada no nosso país e isso, por ora, segrega nossos cidadãos que não podem escolher qual vacina querem tomar.
Muita informação, muitas perdas ao longo destes meses, e seguimos tentando imaginar quando isto tudo terá um fim. Mas e dentro dos aviões que seguem decolando e pousando? Como estão os comissários que têm que cumprir as escalas de voo?
Em março deste ano, fez um ano que vesti o meu uniforme de comissária pela última vez, então eu busquei com alguns colegas que bravamente seguem voando o que compartilho com vocês a seguir.
A Regra é Clara
É extremamente proibido embarcar sem máscara e ela deve ser usada a bordo durante todo o tempo! É uma regra inegociável.
Os aviões contam com o sistema de filtros EPA e durante o voo de cruzeiro, oferece a mesma limpeza de ar igual a um CTI de hospital, segundo um comandante de Airbus. Mas durante o embarque e o desembarque, com as aeronaves em solo, as empresas aéreas buscaram junto aos órgãos reguladores implementar medidas para assegurar que não aconteça aglomeração.
De acordo com a lotação do voo, o desembarque é gerenciado e feito por fileira, ou de três em três fileiras, ou ainda pela contagem do número de passageiros, 20 de cada vez. Tudo isso para tentar oferecer a maior proteção possível aos passageiros.
De uma maneira geral, o serviço de bordo que foi cancelado nos voos internacionais já retornou, mas com algumas modificações. Os passageiros da classe executiva tem todo o serviço de jantar em uma única bandeja, as toalhas quentes foram suspensas e o kit de higiene é distribuído para cada pessoa individualmente. A ideia é ter o mínimo de contato possível com o passageiro.
Na Bandeja
Mas na primeira classe o serviço é entregue normalmente com todos os mimos que o luxo a bordo permite. E quando o passageiro VIP se recusa a usar a máscara a bordo? O que fazer?
Um colega me conta que depois de pedir várias vezes sem sucesso para o passageiro usar a máscara, pegou a bandeja de prata, abriu uma máscara e a deixou pronta para uso. Abaixando-se, apresentou a máscara lindamente disposta na bandeja sem muito falar. Diante de tamanha gentileza o passageiro não pôde recusar e aceitou colocar a máscara. É preciso muito jogo de cintura nestas horas! Well done my friend!
Quase Todos se Comportam
Nos voos domésticos no Brasil, por decisão da Anvisa e da Anac é proibido comer a bordo, o serviço foi suspenso e a água é servida sob demanda.
De acordo com os comentários dos colegas, as pessoas têm respeitado bastante os protocolos de segurança, é claro que sempre tem aquele indivíduo que vai desobedecer e demandar mais atenção e paciência por parte da tripulação. Mas a verdade é que nenhum comandante vai aterrissar um avião para desembarcar o passageiro que decidiu não usar a máscara a bordo, ou vai?
Força e Perseverança
O fato é que os tripulantes no Brasil seguem trabalhando sem terem sido vacinados embora a classe esteja incluída como prioridade. O SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) continua na luta para conseguir a vacinação da categoria. A exposição a novas variantes é uma preocupação dos comissários porque os estrangeiros que chegam ao país, não tem que cumprir quarentena e se deslocam para outros estados brasileiros livremente.
Nestes tempos de pandemia não é fácil ser um comissário de bordo. É preciso ser muito resiliente e profissional. Meu respeito aos tripulantes que seguem na rota.
Agradeço aos colegas da British Airways, Emirates, Qatar, Latam, Gol e Azul pelas informações que contribuíram para o texto de hoje!
Com vocês, aqui no Direto da Galley, me senti voando sem asas e sem avião! Obrigada.
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