Olá viajantes! Pois chegamos no último dia do ano! Não sei quanto a vocês, mas eu sinto como se 2021 tivesse passado realmente voando (sem trocadilhos).
Assim como em 2020, este foi mais um ano desafiador para todos. Sinceramente, desejo que 2022 traga para nós a normalidade de volta, com o retorno cada vez maior das viagens e do avanço das vacinações em todo mundo.
O assunto de hoje não poderia ser outro, senão o de trazer para vocês um pouco da experiencia de passar a virada do ano nos céus.
Longe da família, dos amigos e de casa. Mas feliz e grato de estar trabalhando na aviação, este “clube” fechado e disputadíssimo, onde muitos gostariam de ter a oportunidade de entrar, mas que infelizmente poucos conseguem.
Como contei no artigo da semana passada, a escala de dezembro é de longe a mais esperada do ano por todos tripulantes. Descobrir que tivemos a sorte de receber um ou dois dias de folga justamente no Natal ou no Réveillon era o melhor presente que poderíamos receber.
Às vezes esse presente vinha duplo, com dias de folga tanto no Natal quanto na virada de ano. Tive essa incrível sorte em 2019, quando pude comemorar as duas datas em solo (embora que ainda longe do Brasil).
Caso a sorte não viesse dessa vez, era hora de vestir o uniforme, trazer o sorriso no rosto e trabalhar para que este fosse o voo mais agradável e tranquilo possível, tanto para nós tripulantes, quanto para os nossos passageiros. Afinal, era uma das raras situações a bordo onde todos na aeronave acabavam se encontrando na mesma situação delicada.
Sei de algumas empresas aéreas que costumam ter a gentileza e sensibilidade de servirem sempre algo especial nesta data para todos os passageiros. Infelizmente, este não era o caso na companhia onde trabalhei. O jeito era buscar tornar esses voos especiais por outros meios.
Quando chegava a meia noite (horário de Abu Dhabi) o Comandante fazia um anuncio pelo interfone e começava a contagem regressiva da virada. Passávamos então por toda cabine desejando happy new year para os passageiros e colegas.
Admito que apesar de não ser onde realmente gostaríamos de estar naquele momento, celebrar a bordo não deixava de ser uma experiência única e diferente do convencional. Nos sentíamos genuinamente felizes de trazer um pouco de alegria neste momento. Alguns passageiros ficavam visivelmente emocionados e super agradecidos.
O Último Voo para o Brasil.
Há um voo específico do ano novo que me marcou bastante. Nunca irei me esquecer deste voo para o Brasil em que pousamos no dia 30 de dezembro de 2016, com pernoite até a noite seguinte, decolando justamente a poucas horas da virada.
Além da dor de precisar deixar o Brasil justo nessa época de muitas festas e comemorações, o hotel ainda decidiu preparar um Réveillon super elegante e bem elaborado.
Foi muito doloroso para toda a tripulação olharmos para todas aquelas mesas incrivelmente impecáveis e bem preparadas, dando indícios que aquele seria um festão, mas que infelizmente não iríamos poder fazer parte. Além de sabermos também que iriamos estar confinados dentro de um avião nas próximas 15 horas.
Como o destino gosta de pregar peças, aquela seria a última vez em que operaria um voo para o Brasil como tripulante. No ano seguinte (mais precisamente em março), a Etihad decidiria por encerrar de vez todo os voos para o Brasil.
Bem viajantes, agora é a hora da despedida. Com o relato de hoje, concluímos a minha participação aqui na coluna Direto da Galley. Foram dois meses maravilhosos onde busquei divertir e matar a curiosidade reunindo as melhores histórias que presenciei nesses sete anos de aviação internacional.
Foi um prazer enorme participar com vocês nesse projeto. Muito obrigado por me acompanhar nessa viagem de lembranças. Espero que tenha conseguido cumprir com as expectativas criadas no dia de minha apresentação.
Desejo a todos um Feliz 2022! Que veja repleto de muitas viagens e causos de viagens para contar aos amigos e familiares.
E você, já passou alguma vez o Reveillon dentro de um avião?
“Cabin crew, disarm doors and cross check!”
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