Um dos locais grandemente afetados pela tragédia que assolou o estado do Rio Grande do Sul foi O Aeroporto Salgado Filho. E apenas 16% dos seus voos são absorvidos o que fez as tarifas explodirem.
Foi no dia 3 de maio que a concessionária do aeroporto comunicou a suspensão de suas atividades. Na ocasião, o Guaíba alagou a pista, além do primeiro pavimento do edifício.
Em abril o aeroporto recebeu 516.000 passageiros e em maio, apenas 36.000. Com o fechamento do aeroporto, o governo federal, além do estadual, buscaram formas de estabelecer, ao menos em parte, o fluxo aeroviário no estado.
A saída encontrada foi adaptar a base aérea de Canoas, que é um município vizinho de Porto Alegre e que recebe vários voos diários (todos lotados!). Além disso, houve um aumento na quantidade de viagens em cinco terminais dos estados (não muito próximos – um deles é Pelotas, que fica a três horas de Porto Alegre) e três do estado vizinho, Santa Catarina – entre eles, Florianópolis, que fica a cinco horas de Porto Alegre.
Uma análise realizada pela Folha levou em consideração os microdados fornecidos pela ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil, fazendo uma comparação do período que vai de 4 de maio a 17 de junho/24 com o mesmo período do ano anterior. Foram consideradas partidas e chegadas tanto de voos comerciais como regulares.
No período de 4 de maio a 17 de junho/24, nestes terminais emergenciais criados, foram registrados 5.274 voos domésticos (contando pousos e decolagens). Neste mesmo período do ano anterior, o Salgado Filho teve um total de 6.874 viagens, nas mesmas condições.
Se olharmos somente para os aeroportos do estado do Rio Grande do Sul, Canoas, Caxias do Sul, Uruguaiana, Passo Fundo, Pelotas, Santa Maria e Santo Ângelo, foram 1.060 voos. Detalhe: se a viagem foi de uma cidade a outra malha, o computo foi feto em ambos os municípios.
Com a diminuição de assentos e a procura urgente de passagens com destino à capital gaúcha, o resultado não poderia ser outro que não uma explosão dos preços das tarifas neste mês de junho.
O aeroporto de Caxias do Sul, por exemplo, teve uma alta de 100% no preço médio das tarifas, isso se comparamos o período de 01/05 a 19/06/24 ao equivalente, só que do ano anterior.
Já no aeroporto de Passo Fundo, localizado a quatro horas de Porto Alegre, o aumento foi de 64% e na cidade de Pelotas, o preço das passagens tiveram uma elevação de 36%.
Nos aeroportos do estado de Santa Catarina, Jaguaruna e Florianópolis, o aumento ficou em 50% e 14%, respectivamente.
A média das tarifas em Canoas, por exemplo, é de R$ 2.000,00 – isso para viagens para até 31 de julho e com partida dos aeroportos paulistas. Os dados fornecidos pelo Google Flights foram a base para a obtenção desta média. Se considerarmos o período anterior à tragédia, meio de abril, por exemplo, o preço tido como normal, para este período de julho, era de R$ 485,00 a R$ 1300,00.
A Abear, Associação Brasileira das Empresa Aéreas, observa que devemos levar em consideração a dinâmica dos preços das passagens aéreas, sujeitos à liberdade de tarifa. Já a ANAC informa que os voos para o estado do Rio Grande do Sul, no mês de maio, tiveram uma tarifa média de R$ 554,84 – valor este menor do que o aplicado no mês de abril.
E qual é a perspectiva daqui pra frente? Marcelo Guaranys, sócio do escritório de advocacia Demarest e ex-presidente da ANAC acredita que não seja provável que os preços voltem ao que era antes da tragédia do RS. Ele diz,
Óbvio que é importante as empresas terem discernimento para não cobrar preços exorbitantes, mas é natural que esses valores sejam mais altos. Elas vão operar com aeronaves mais limitadas, menos oferta e os custos operacionais aumentam também. É importante a gente perceber isso, senão vai acabar não tendo transporte aéreo para aquela região.
Não temos uma data certa de quando o Aeroporto Salgado Filho voltará a funcionar. Somente em 18 de julho é que a concessionária do aeroporto, a Fraport, apresentará ao governo um relatório de suas reais condições para, daí então, definir um cronograma para a volta de suas operações.
Na verdade, a Fraport, na pessoa de seu CEO, Andreaa Paal, cogitou até mesmo devolver a sua concessão, caso não fossem liberadas verbas para sua reconstrução. Mas numa reunião com alguns membros do governo, o Ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Fiho, Rui Costa, Ministro da Casa Civil, além de Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do RS, a Fraport decidiu continuar e manter seu contrato até o ano de 2042.
Claudio Frischtak, economista e fundador da consultoria Inter.B, e que tem atuação no setor de infraestrutura dia que, para ele, o maior de todos os desafios da retomada do aeroporto é sua pista.
A pista de um aeroporto é íntegra ou não é íntegra, segura ou não segura, não existe meio termo. No limite, reconstruir essa pista, seria uma tragédia –necessária, mas uma tragédia–, e isso gera muita incerteza [sobre a reabertura do terminal].
Não existe ao seu redor nenhum aeroporto com capacidade próxima ao do Salgado Filho. Só no ano de 2023, passaram por ele 6,8 milhões de passageiros – o que faz deste o sexto mais movimentado de todo o país. Para se ter uma ideia comparativa, o aeroporto de Florianópolis recebeu 3,4 milhões no mesmo período. Frischtak explica,
O problema não é apenas o transporte de passageiros, mas a perda de conexão com o resto do país. Esse é o drama. No Rio, se o Santos Dumont fecha, tem o Galeão. Em São Paulo, se Congonhas fecha, tem Guarulhos, Cumbica… O Rio Grande do Sul é muito dependente de um único aeroporto.
Além do transporte de passageiros, o Salgado Filho é peça-chave quanto ao transporte de cargas. O estado, como muitos outros, tem investido pouco em sua malha ferroviária. E, num momento como estes, a conta chega!
Vamos torcer e aguardar que o Aeroporto Salgado Filho volte a funcionar normalmente o mais rápido possível.
Com informações do Mercado e Eventos
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