Feliz Natal, viajantes! Todos prontos para reunir a família e celebrar? Eu estou feliz por poder comemorar o Natal pela terceira vez consecutiva em muitos anos. Já que na aviação não existem feriados ou aniversários.
Foram muitos 24 e 25 de dezembro passados em pleno voo, trabalhando e mantendo o clássico sorriso profissional do tripulante e com muita empatia. Afinal, os passageiros também estavam na mesma situação que a nossa.
A escala de dezembro é a mais aguardada e temida de todas. Era o momento de descobrir se passaríamos o Natal e o Ano Novo comemorando em terra ou trabalhando para levar os passageiros até suas famílias a tempo de comemorar.
E caso viesse um SBY (reserva) o jeito era rezar para todos santos que ninguém faltasse em algum voo para escaparmos de sermos acionados. Claro que SEMPRE alguém achava um maneira de ficar “doente”. Aí não havia como, alguém tinha que assumir o lugar.
Quando não tínhamos sorte e a escala vinha com um voo justo na noite do Natal, o jeito era levantar a cabeça e agradecer pelo emprego e encarar o trabalho da maneira mais profissional possível. A fim de deixar a situação mais leve, todos os Natais que passei a bordo, fizemos algo para deixar o voo menos frio e mais agradável para todos.
Passávamos pela cabine desejando Merry Christmas a todos, alguns tripulantes sempre lembravam de trazer gorros de Papai Noel. E improvisávamos uma Ceia de Natal, cheia de produtos da Business e First Class. Natal com caviar pelo menos tivemos!
Lembro de uma vez que uma das tripulantes estava de aniversário justamente no dia 24 de dezembro! Aquele voo foi incrivelmente divertido e bem humorado. A tripulação era fantástica e os passageiros foram super compreensivos, vendo a nossa comemoração na galley sem reclamar do barulho ou ficar constantemente chamando com pedidos (como de praxe). Foi um Natal que realmente aproveitei. E ainda recebi por hora.
Uma tripulante romena tinha um talento incrível para a culinária e uma criatividade sem limites, preparou drinks coloridos e até um bolo de aniversário para a colega, utilizando sobremesas e pratos prontos de refeições que recebíamos para nosso consumo. Brindamos na galley do fundo (sempre o ponto de encontro) e todos fizeram parte da festa. Nunca irei esquecer desse Natal. Mesmo com cada colega longe das sua famílias, deixamos o espírito natalino tomar conta daquela noite.
Lembro de situações também onde passageiros viraram amigos para a vida toda. Um deles, metade japonês/brasileiro morando em Nagoya fez questão de se oferecer para ser guia o dia que eu tivesse algum voo para o Japão. Esse dia chegou e tive um layover incrível, onde pude conhecer muito mais as particularidades do Japão e até ir a um restaurante tipicamente brasileiro em uma galeria de Nagoya! Ossu Brasil é o nome do lugar.
Aliás, era sempre uma festa quando eu descobria famílias brasileiras voando conosco. Ao contrário da Emirates, na Etihad era muito raro termos passageiros brasileiros a bordo. E o voo para São Paulo infelizmente teve uma vida curta: durou de 2013 a 2016. Adoraria ter encontrado brasileiros em algum desses voos natalinos. Teria sido uma experiência gratificante!
Apesar de tudo, é o nosso dever ficarmos longe de nossa família para poder aproximar os passageiros das suas, já diria certa vez uma tripulante da Azul no YouTube. Esse é o real espírito da aviação.
Vou ficando por aqui, está na hora de me preparar para a Ceia. Desejo a todos leitores viajantes do PPV um FELIZ NATAL!
Aproveitem muito com as pessoas que vocês amam. E desejo um Feliz Natal também para todos ex colegas de voo, que muito provavelmente estarão pelos céus aproximando várias famílias por pura vocação e paixão pelo trabalho.
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