A primeira fase do programa AmpliAR movimentou o setor aéreo brasileiro. O leilão conduzido pelo Ministério de Portos e Aeroportos definiu os novos operadores de 19 aeroportos regionais, em uma disputa que reforça a decisão do governo para integrar esses terminais à malha aérea nacional.
O resultado confirma a liderança da GRU Airport, que arrematou a maior parte dos ativos, e destaca também o avanço da Fraport com a conquista do Aeroporto de Jericoacoara.
AmpliAR – Um novo modelo para aeroportos regionais
O programa AmpliAR foi desenhado para tornar viável a concessão de aeroportos regionais deficitários sem “empurrar” terminais inviáveis aos operadores. A regra limitou a participação a concessionárias que já possuem contratos federais de aeroportos, garantindo operadores experientes e com estrutura.
O economista Cláudio Frischtak, da consultoria Inter.B, avaliou o programa como bem construído “porque não empurra goela abaixo terminais regionais problemáticos”.
Ainda assim, ele levantou uma preocupação importante: como garantir a qualidade dos terminais incorporados a concessões maiores, especialmente em temas como áreas de assento e equilíbrio entre conforto e espaços comerciais. Segundo ele, decisões recentes “já estão começando a prejudicar o passageiro”.
GRU Airport assume 12 aeroportos regionais
A GRU Airport, concessionária do Aeroporto Internacional de Guarulhos, levou 12 dos 19 aeroportos ofertados. A empresa foi a única interessada em todos os ativos que arrematou, distribuídos por várias regiões do país.
Os aeroportos conquistados através do programa AmpliAR incluem:
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Pernambuco: Araripina, Garanhuns e Serra Talhada
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Bahia: Lençóis e Paulo Afonso
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Rondônia: Cacoal e Vilhena
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Maranhão: Barreirinhas
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Piauí: São Raimundo Nonato
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Mato Grosso: Porto Alegre do Norte
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Ceará: Canoa Quebrada
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Tocantins: Araguaína
O modelo do AmpliAR funciona de forma distinta de outros processos de concessão. Como esses terminais operam com déficit, o governo calcula o fluxo de caixa negativo projetado até o fim da concessão. As empresas disputam oferecendo o deságio, ou seja, indicando quanto desse déficit estão dispostas a assumir.
A GRU Airport não ofereceu deságio nos 12 aeroportos, aceitando operar exatamente no nível de déficit estimado pelo governo. Isso indica que a companhia aceita absorver integralmente o prejuízo calculado, sem abrir mão de mecanismos futuros de compensação previstos no programa.
Apesar de a Invepar – controladora da GRU Airport – estar em negociação com credores, especialistas avaliam que o impacto disso no investimento será limitado. Como apontou uma fonte do setor citada na reportagem original, “o aeroporto de Guarulhos é muito rentável, então alguns anos de concessão a mais já compensam esses investimentos”.
Fraport vence Jericoacoara com 100% de deságio
A outra vencedora do leilão foi a alemã Fraport, que já administra os aeroportos de Fortaleza (FOR) e Porto Alegre (POA). A empresa garantiu o Aeroporto de Jericoacoara (JJD) ao oferecer 100% de deságio, renunciando completamente ao reequilíbrio econômico-financeiro previsto.
A conquista integra Jericoacoara ao contrato já existente de Fortaleza, com vigência até 2047. Segundo informações oficiais, o contrato será assinado em 2026, e a transferência da gestão está prevista para o mesmo ano.
A Fraport também se comprometeu a realizar investimentos na modernização do terminal nos três primeiros anos de gestão. Stefan Schulte, CEO da Fraport AG, declarou:
“Estamos muito satisfeitos em ampliar ainda mais nosso compromisso no Brasil e, junto com nossa equipe experiente, atuar ativamente no desenvolvimento do Aeroporto de Jericoacoara e na promoção sustentável do turismo no Ceará”.
Seis aeroportos ficaram sem propostas
O leilão também evidenciou desafios na atratividade de alguns terminais. Seis aeroportos não receberam propostas, são eles: Barcelos (AM), Tarauacá (AC), Itacoatiara (AM), Itaituba (PA), Parintins (AM) e Guanambi (BA).
Esses aeroportos permanecem disponíveis para investimentos, mas especialistas avaliam que é difícil imaginar novas propostas após um processo público desse porte.
O que acontece agora
O ministro Silvio Costa Filho classificou o leilão como “um marco histórico”. A estimativa do Ministério é de R$ 700 milhões em investimentos nos aeroportos concedidos.
A ANAC terá 60 dias para definir como funcionará o reequilíbrio dos contratos das vencedoras. Já os aeroportos sem proposta seguirão abertos a novos interessados.
Com a consolidação dos vencedores, o Brasil dá início a uma etapa importante para fortalecer e modernizar a infraestrutura da aviação regional, ampliando conexões e apoiando o desenvolvimento econômico em regiões estratégicas do país.
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