A Gol Linhas Aéreas anunciou oficialmente, nesta sexta-feira (6), que encerrou o processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, iniciado em janeiro de 2024.
A conclusão do Chapter 11 marca o fim de um período crítico na história da companhia e o início de uma nova fase, com foco em fortalecimento financeiro, modernização da frota e expansão da malha aérea.
Reestruturação Bem-Sucedida e Reforço de Caixa
A operação foi conduzida sob supervisão do Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York. Durante os 17 meses de reestruturação, a GOL obteve US$ 1,9 bilhão em financiamento para saída do processo (exit financing), o que permitiu quitar integralmente o crédito DIP (debtor-in-possession), uma modalidade de crédito emergencial típica desses processos.
Segundo comunicado oficial, a GOL agora possui uma posição de liquidez de aproximadamente US$ 900 milhões, o que representa um alívio substancial frente ao cenário anterior. A alavancagem financeira caiu para 5,4 vezes o EBITDA, com projeção de chegar a menos de três vezes até o final de 2027, conforme metas da companhia.
“Com balanço reforçado, estamos bem-posicionados para fortalecer nossa operação”, afirmou Celso Ferrer, CEO da Gol.
Conversão de Dívidas e Aumento de Capital
Outro pilar fundamental da reestruturação foi a aprovação, em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), de um aumento de capital da ordem de R$ 12 bilhões, por meio da capitalização de créditos e conversão de dívidas antigas em ações. Com isso, a GOL conseguiu reestruturar compromissos que somavam US$ 1,6 bilhão em dívidas e US$ 850 milhões em outras obrigações.
Como resultado, a holding Abra Group, que já controlava a GOL, passou a deter cerca de 80% do total das ações ordinárias e preferenciais da companhia aérea.
Otimização Operacional e Renovação da Frota
Durante o processo de Chapter 11, a companhia promoveu reformulações em seu modelo de operação. Ferrer detalha:
“Racionalizamos nossa frota, otimizamos nossos custos, redesenhamos nossa malha, aprimoramos nosso foco operacional e impulsionamos nossa eficiência administrativa.”
Em 2024, a GOL revisou mais de 50 motores e anunciou que pretende ter toda a frota operacional até o primeiro trimestre de 2026. A empresa também confirmou a entrega de cinco novas aeronaves Boeing 737 MAX ao longo de 2025, sinalizando o compromisso com a modernização e eficiência.
Foco em Expansão e Experiência do Cliente
A GOL afirma que a nova estrutura financeira permitirá fortes investimentos na experiência do cliente, com melhorias em serviços e ampliação de rotas.
“Estamos prontos para investir mais na experiência do cliente, com novas rotas e melhorias na malha aérea”, reforça Ferrer.
A meta, segundo a empresa, é cravar uma posição de liderança na aviação latino-americana nos próximos cinco anos, com foco em mercados como o sul da Flórida, Argentina e outras regiões estratégicas.
Impactos no Mercado e Ações em Queda
Apesar do otimismo, o mercado reagiu de forma cautelosa. As ações da GOL (GOLL4) encerraram o dia em queda de 13,39%, cotadas a R$ 1,10, refletindo um possível movimento de realização de lucros ou dúvidas quanto à execução das novas estratégias.
Ainda assim, analistas destacam que a conclusão do processo judicial já era amplamente esperada, e que o desafio agora está na entrega dos resultados prometidos.
Possível Fusão com a Azul
Nos bastidores, segue a especulação sobre uma possível fusão entre GOL e Azul, ventilada desde o início de 2024. Embora a Abra, controladora da GOL, tenha iniciado negociações com a Azul, o processo acabou perdendo força nas últimas semanas após a Azul também entrar com pedido de Chapter 11 nos EUA, no fim de maio.
Ainda assim, Adrian Neuhauser, CEO da Abra, declarou em um painel da IATA realizado em Nova Delhi, na Índia, que os planos de consolidação entre Azul e GOL continuam firmes, mesmo com os processos de recuperação judicial em andamento.
Ele destacou que ambas as companhias possuem estruturas financeiras semelhantes e estão limpando suas estruturas de capital, o que pode facilitar a fusão.
A Azul, por outro lado, afirmou que sua “prioridade total” no momento é sair do processo judicial.
Uma Nova Fase para a GOL
A GOL entra agora em uma nova fase. Mais enxuta, capitalizada e com uma frota mais moderna, a companhia projeta crescimento sustentável e competitivo.
“Estamos prontos para aproveitar as oportunidades que vemos no horizonte”, concluiu Ferrer.
O sucesso da recuperação judicial e os próximos passos estratégicos da empresa serão acompanhados de perto por investidores, clientes e o setor de aviação como um todo, que ainda se recupera dos impactos da pandemia, da volatilidade do petróleo e das oscilações do câmbio.
Tome Nota
A conclusão da recuperação judicial da GOL marca um ponto de virada necessário, mas não garante o sucesso. A empresa sai mais leve e com caixa reforçado, mas ainda carrega o desafio de reconquistar a confiança do mercado e do passageiro.
A promessa de investir em frota, rotas e experiência é positiva, mas o setor exige execução impecável. Resta saber se a nova GOL conseguirá, de fato, decolar em direção a uma fase mais estável e competitiva. Se a companhia entregar isso de verdade, tem tudo pra voar alto.
Para Saber Mais
Para ler outras notícias que publicamos recentemente no Pontos pra Voar, clique aqui.
Que tal nos acompanhar no Instagram para não perder nossas lives e também nos seguir em nosso canal no Telegram?
O Pontos pra Voar pode eventualmente receber comissões em compras realizadas através de alguns dos links e banners dispostos em nosso site, sem que isso tenha qualquer impacto no preço final do produto ou serviço por você adquirido.
Quando publicamos artigos patrocinados, estes são claramente identificados ao longo do texto. Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Não usamos inteligência artificial na geração de conteúdo do Pontos pra Voar. Os conteúdos são autorais e produzidos pelos nossos editores.