Conforme publicamos aqui, o Grupo Abra (investidor majoritário da Gol e da Avianca) e a Azul assinaram recentemente um Memorando de Entendimento não vinculante com a intenção de explorar uma possível fusão de seus negócios no Brasil.
E com base nesse novo cenário, podemos verificar que o mercado da aviação comercial na América Latina vive um momento de intensa disputa estratégica, marcado por alianças, investimentos cruzados e potenciais reconfigurações.
Empresas globais como United Airlines, American Airlines e Delta Air Lines têm adotado estratégias cada vez mais complexas para consolidar suas posições na região, utilizando participações acionárias e parcerias operacionais com companhias locais como Gol e Avianca por meio do Grupo Abra, Azul e LATAM.
A criação do Grupo Abra, que uniu as operações da Avianca e da Gol sob um mesmo guarda-chuva corporativo, o investimento da United em dois concorrentes diretos (Grupo Abra – Gol e Avianca – e Azul), e a participação da American na Gol, são apenas alguns exemplos do tabuleiro de xadrez que define o setor aéreo na América Latina.
Adicione a isso a participação da Delta no grupo Air France KLM – aliado da Gol – e um panorama de interesses sobrepostos surge, tendo em vista a participação de 20% da Delta na LATAM, colocando em evidência os desafios e as oportunidades de expansão global no mercado da América Latina.
Apesar da criação do Grupo Abra, tanto a Avianca quanto a Gol continuam a operar como marcas separadas, com suas próprias estruturas e estratégias comerciais, assim como deve acontecer na possível fusão entre a Gol e a Azul, conforme o memorando de entendimento publicado recentemente.
Neste artigo, analisaremos as complexas interações entre essas gigantes da aviação, explorando como participações cruzadas, fusões e parcerias moldam o futuro da aviação na América Latina e suas implicações no mercado global.
Alguns pontos relevantes:
- A American Airlines possui uma participação acionária de cerca de 5,2% na Gol
- A Delta Air Lines possui uma participação acionária de 20% na LATAM
- A Delta Air Lines possui uma participação acionária de 8,8% no grupo Air France KLM
- A Air France KLM possui cerca de 1,5% de participação em ações preferenciais da Gol
- A United Airlines é um investidor estratégico do Grupo Abra, que controla a Gol e a Avianca
- A United Airlines possui uma participação acionária de aproximadamente 8% na Azul
American e GOL
A American Airlines possui uma participação acionária de aproximadamente 5,2% na Gol, por meio de um investimento de US$ 200 milhões na companhia em setembro de 2021.
Esse investimento foi parte de um acordo estratégico para fortalecer a parceria entre as duas companhias e ampliar a conectividade de voos na América Latina.
Como parte da parceria, além do investimento, a American também firmou um acordo de codeshare com a Gol, permitindo conexões mais eficientes entre as malhas aéreas das duas empresas.
O investimento da American foi uma resposta à parceria da Delta com a LATAM e à presença da United no mercado por meio do Grupo Abra e da Azul.
Essa parceria consolidou a posição da American Airlines no Brasil, intensificou a rivalidade entre as grandes companhias americanas no mercado da América Latina e também marcou o fim do relacionamento anterior da Gol com a Delta, que vendeu sua participação de 20% na Gol em 2019 para focar na parceria com a LATAM.
Delta e LATAM
Com o fim da parceria entre a Delta e a Gol em 2019, a Delta realizou um investimento estratégico na LATAM, avaliado em cerca de US$ 1,9 bilhão, adquirindo uma participação acionária de 20% na companhia.
Além da participação acionária, a Delta e a LATAM firmaram uma joint venture para coordenar suas operações em voos entre os Estados Unidos, Canadá e países da América do Sul, incluindo Brasil, Chile, Colômbia e Peru.
Delta, Air France KLM e GOL
A Delta Air Lines possui uma participação acionária de 8,8% no grupo Air France KLM. Esse investimento foi realizado em 2017 como parte de uma estratégia para reforçar a parceria transatlântica entre as companhias, fortalecendo sua posição no mercado entre a Europa e a América do Norte.
Além disso, há uma joint venture consolidada entre a Delta, o grupo Air France KLM e a Virgin Atlantic. Esta joint venture se consolidou dentro da aliança SkyTeam, da qual Delta e Air France KLM são membros fundadores e foi uma resposta direta às parcerias transatlânticas entre a American e a British Airways, membros fundadores da Oneworld e entre a United e a Lufthansa, membros fundadores da Star Alliance.
Por outro lado, a relação entre a Delta, o grupo Air France KLM e a Gol, forma um interessante triângulo de participações e parcerias estratégicas.
Em 2014, a Air France KLM investiu US$ 100 milhões na Gol, dos quais US$ 52 milhões foram em ações preferenciais, adquirindo cerca de 1,5% de participação da companhia brasileira, além de US$ 48 milhões para aprimoramento da parceria estratégica, que foi recentemente estendida por mais 10 anos.
United, Grupo Abra (GOL e Avianca) e Azul
A United é uma investidora estratégica no Grupo Abra, a holding que controla a Gol, a Avianca e outras companhias aéreas da América Latina. Essa participação se deu principalmente pela conversão de dívidas em ações após o processo de recuperação judicial da Avianca nos Estados Unidos.
Por outro lado, a United possui 8% de participação acionária na Azul, adquirida em 2015 como parte de uma parceria estratégica para expandir sua presença no Brasil.
Esses investimentos destacam a estratégia da United de se posicionar de forma robusta na América Latina, diversificando sua atuação entre companhias de destaque como a Avianca (via Grupo Abra) e a Azul.
Esse verdadeiro xadrez de alianças e participações entre as grandes companhias aéreas é um reflexo direto da disputa pela hegemonia na América Latina, um mercado estratégico e em constante crescimento.
Tome Nota
O fato da United investir tanto no Grupo Abra quanto na Azul demonstra uma estratégia bem calculada para buscar a liderança no mercado da América Latina, garantindo uma conectividade robusta por meio da malha integrada da Gol e da Avianca, ao mesmo tempo em que se beneficia da capilaridade da Azul no Brasil.
Caso a fusão entre Gol e Azul se concretize, a United estaria posicionada como um investidor chave em um novo gigante do setor, com acesso à maior rede de rotas no Brasil e uma base sólida para expandir sua influência em toda a América Latina.
Além disso, a meu ver, restaria improvável que a parceria entre a Gol e a American continuasse, pois apesar da participação acionária de 5,2% da American na Gol, a United possui uma participação de 8% na Azul e um vínculo estratégico com o Grupo Abra, controlador da Gol.
A fusão de Gol e Azul criaria uma gigante aérea controlada, em parte, por investidores ligados à United e ao Grupo Abra e esse alinhamento estratégico provavelmente resultaria na priorização de uma parceria ampliada com a United, especialmente considerando a presença da Avianca, também do Grupo Abra, como membro da Star Alliance.
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