Como o Papa viaja de avião?

Será que o Papa viaja em avião próprio? Viaja de executiva ou econômica? Se você sempre quis saber como o Papa viaja de avião, a gente te conta!

Em terra, sabemos que o Papa tem o Papamóvel. Mas e nos ares? Como o líder da Igreja Católica viaja quando precisa cruzar continentes?

O Vaticano é conhecido por ser o menor país do mundo, com apenas 0,49 km², e uma de suas particularidades é não possuir aeroporto próprio. Mesmo assim, o Papa, líder espiritual de mais de 1 bilhão de católicos, mantém uma agenda internacional intensa, levando sua mensagem a diversos cantos do planeta.

Afinal, com fiéis presentes em praticamente todos os países do mundo, metade deles apenas nas Américas, viajar é uma parte essencial do trabalho papal.

A História dos Voos Papais

Embora hoje pareça rotina ver o Papa viajando de avião e desembarcando em diferentes países, a tradição das viagens aéreas é relativamente recente. O primeiro voo papal aconteceu somente em 1964, quando o Papa Paulo VI viajou até a Terra Santa. Desde então, as visitas internacionais se tornaram uma ferramenta indispensável de diplomacia e evangelização para a Igreja.

O recordista absoluto foi São João Paulo II, que durante seus 26 anos de pontificado voou impressionantes 725 mil milhas (1,16 milhão de quilômetros), visitando 129 países. Para se ter uma ideia, essa distância é o equivalente a dar quase 30 voltas ao redor do planeta.

Já o Papa Francisco, mesmo com a interrupção causada pela pandemia, ultrapassou a marca de 50 países visitados em seus 12 anos de pontificado. Após retomar suas viagens, Francisco passou por lugares emblemáticos como Iraque, Chipre, Grécia, Eslováquia, Hungria, Malta e Canadá.

Sem Frota Oficial, Mas Com Voos de Estado

Diferentemente de líderes de Estado que possuem aeronaves exclusivas, como o presidente dos EUA com o Air Force One, o Papa não dispõe de uma aeronave oficial ou uma frota própria. Em vez disso, a Santa Sé freta aviões comerciais, geralmente operados pela companhia aérea italiana ITA Airways, sucessora da antiga Alitalia. Quando em missão oficial, o avião que transporta o Papa adota o indicativo de chamada “Shepherd One”, uma referência simbólica ao “bom pastor”.

Nem sempre, porém, o voo de volta é operado pela ITA. Como gesto diplomático, o Papa costuma fazer sua viagem de retorno à Roma a bordo da companhia aérea nacional do país anfitrião. Já viajaram com o Papa empresas como American Airlines, TAP Air Portugal, Avianca, airBaltic, Aer Lingus, SriLankan Airlines e até a Biman Bangladesh.

A Escolha do Avião do Papa

O tipo de aeronave depende da distância e da complexidade da missão do Papa. Para destinos dentro da Europa ou Oriente Médio, geralmente são utilizados Airbus A320 ou A321. Já para travessias mais longas, entram em cena modelos de maior porte, como o Airbus A330, A350 ou o antigo Boeing 777.

Embora o Vaticano não exija grandes modificações estruturais, alguns detalhes são personalizados: os encostos de cabeça recebem o brasão papal, e o serviço de bordo é adaptado para atender à comitiva e à imprensa com mais atenção do que um voo comercial comum.

Quem Viaja de Avião com o Papa?

O Papa nunca viaja sozinho. Sua comitiva oficial inclui entre 30 e 70 pessoas, entre assessores, membros da segurança e da diplomacia vaticana.

Além disso, cerca de 60 a 70 jornalistas integram o chamado “pool da imprensa”, cobrindo cada passo da viagem papal. Esses jornalistas ocupam a classe econômica, mas com serviços aprimorados, refeições mais elaboradas e até brindes exclusivos, como forma de agradecimento pelo trabalho de divulgação.

O Papa costuma viajar na primeira classe ou na executiva, assim como seus assessores mais próximos. No entanto, é tradição que ele se desloque até a parte traseira da cabine durante o voo para conversar com os jornalistas, conceder entrevistas coletivas informais ou até mesmo realizar atos simbólicos, como aconteceu em 2018, quando o Papa Francisco celebrou o casamento de dois comissários de bordo durante um voo da LATAM.

Cerimônias no Ar e em Terra

Ao se aproximar do destino, é comum que o Papa faça preces ou bênçãos sobre o país que sobrevoa. E, ao aterrissar, há um protocolo que mistura solenidade com eficiência operacional.

Diferente de líderes que requerem fechamento de aeroportos (como ocorre com o Air Force One), as chegadas papais não interrompem a rotina do terminal, mas são sempre marcadas por cerimônias, tapete vermelho e honrarias militares. As janelas da cabine do avião se abrem e exibem lado a lado as bandeiras do Vaticano e do país anfitrião.

Destinos Além do Óbvio

Se nas primeiras décadas as viagens papais se limitavam a nações majoritariamente católicas, hoje o panorama é outro. Os Papas modernos atuam como diplomatas globais e pontes entre religiões.

O Papa Francisco, por exemplo, foi o primeiro pontífice a viajar para o Iraque (2021) e os Emirados Árabes Unidos (2019), fortalecendo os laços entre cristãos e muçulmanos.

As viagens papais também incluem regiões afetadas por conflitos ou desastres, como forma de solidariedade. E muitas vezes abrangem múltiplos destinos na mesma missão, exigindo logística aérea altamente complexa e planejada com meses de antecedência.

Por Que o Vaticano Não Tem um Avião Próprio?

A resposta é simples: não compensa. Apesar do aumento das viagens desde os anos 60, a quantidade anual ainda é modesta se comparada a líderes de grandes potências. O Vaticano, sem território para voos domésticos e sempre próximo do aeroporto de Fiumicino, prefere contratar aviões sob demanda, garantindo eficiência sem o custo de manter uma frota.

A parceria com companhias como a ITA Airways permite que cada viagem seja tratada como um projeto exclusivo, uma tradição que, tudo indica, continuará agora com a nomeação do Papa Leão XIV, que deve seguir cruzando os céus para levar sua mensagem ao mundo.

No dia da morte de Papa Francisco, o site Airways Magazine divulgou um vídeo mostrando como os bastidores das viagens de Francisco.

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