Atualmente existe uma variedade enorme de cartões de crédito no mercado. Mas qual o melhor? Um cartão que oferece cashback ou pontos?
Este artigo visa esclarecer suas dúvidas sobre o tema. Boa leitura!
Aqui você encontra:
Introdução ao Mercado de Pontos e Milhas
Antes de discustir sobre o que é melhor, um cartão que oferece cashback ou pontos, quero mostrar alguns conceitos, que serão importantes para o completo entendimento sobre o assunto.
Nossa moeda é o real, e é muito comum compará-lo com as cotações de várias moedas internacionais, como o dólar, euro, libra, iene, etc. Mas também podemos compará-lo com outras “moedas”, como pontos e milhas.
Pontos são os acúmulos originados nos cartões de crédito tradicionais. Banco do Brasil e Bradesco criaram o programa Livelo para denominar esses pontos, o Santander chamou-os de pontos Esfera, o Itaú de pontos iupp, e cada instituição financeira criou o seu programa próprio.
Milhas são os acúmulos originados nos programas das companhias aéreas, como Smiles, Latam Pass e TudoAzul no mercado brasileiro. Mas também é possível obtê-las através da conversão de pontos, como veremos mais tarde, e também a partir de cartões de crédito específicos desses programas citados, que são conhecidos como cobranded.
O que é Cashback? É Igual Desconto?
Traduzido ao pé da letra, cashback significa dinheiro de volta. Você realiza uma compra e recebe um percentual de volta, com o intuito de fidelizá-lo.
É diferente do desconto, onde o cliente já paga um valor menor e não se sente na obrigação de voltar ao mesmo estabelecimento. Quer um exemplo?
Uma barraca na feira vende pasteis por R$10,00 cada e também refrigerantes, a R$5,00. Como forma de aumentar suas vendas, elabora um combo, onde na compra de dois pasteis pagará R$20,00 mas ganhará de brinde um refrigerante.
A soma individual dos produtos é de R$25,00, ou seja, a barraca está oferecendo um desconto de 20% no combo, R$5,00 a menos.
Mas e se na próxima semana a barraca concorrente oferecer o mesmo combo por um preço melhor ou com itens mais interessantes, fica a seu critério escolher onde comprar. Não existe fidelidade!
Cashback em Dinheiro
Diversas instituições financeiras oferecem cashbacks em relação ao valor da compra, que podem chegar a até 2%.
No exemplo da figura, caso você faça uma compra de R$1.000,00 num cartão de crédito que ofereça 1% de cashback, irá receber um crédito de R$10,00, que posteriormente poderá ser depositado em sua conta-corrente ou abatido do valor de sua fatura.
Nesse caso, quanto mais compras fizer e quanto mais gastar, mais cashback irá acumular. Um grande incentivo para a fidelização e utilização desse cartão.
Acúmulo de Pontos
Os cartões de crédito tradicionais oferecem pontos a cada transação realizada, relacionada ao dólar, sendo oferecidos normalmente de 1,0 a 2,2 pontos. Existem raras exceções, que oferecem pontos a cada real gasto, mas que não será objetivo neste momento.
No exemplo, se você realizar uma compra de R$1.000,00, o valor é equivalente a 182 pontos, considerando a cotação do dólar de R$5,50.
Se o seu cartão acumula 1,0 ponto por dólar, receberá 182 pontos. Se acumular 2,0 pontos por dólar, 364 pontos serão acumulados no seu programa de pontos (Livelo, Esfera, iupp, etc.)
Acúmulo de Milhas
Como citado anteriormente, o acúmulo de milhas ocorre através dos cartões cobranded, que carrega o logotipo da empresa associada, que no caso podem ser Smiles, Latam Pass ou TudoAzul.
Existem cartões cobranded que acumulam milhas em programas internacionais, mas que não serão fruto de avaliação neste momento.
Os cartões cobranded Smiles são oferecidos pelos bancos Bradesco, Banco do Brasil e Santander, enquanto os cartões Latam Pass e Azul são exclusividades do Itaú.
A pontuação normal costuma ser um pouco maior (até 3,0 pontos por dólar), que podem ser bonificados em campanhas. Em breve você entenderá o motivo da pontuação desses cartões ser superior aos cartões tradicionais, mas não obrigatoriamente significar que seja melhor.
Num cartão que pontua 3,0 por dólar, aquela mesma compra de R$1.000,00 renderia 545 milhas. Para confundir um pouco, os programas Latam Pass e TudoAzul chamam essas milhas de pontos, mas no nosso estudo iremos sempre chamá-los de milhas, pois sua finalidade é principalmente resgatar bilhetes aéreos.
Qual o Valor de Cada Ponto e Cada Milha?
Não sei qual o motivo, mas todos os programas de pontos (Livelo e Esfera) quanto de milhas (Smiles, Latam Pass e TudoAzul) estabeleceram que o milheiro (1.000 pontos ou milhas) tem o preço de venda padrão de R$70,00. E frequentemente comercializam esses pontos e milhas, seja para completar um resgate, seja para aumentar o saldo disponível dos clientes.
Mas esse valor de R$70 é bastante desfavorável para compra; dessa forma, é comum oferecerem descontos para a aquisição dos mesmos: no caso dos pontos, é possível encontrar oportunidades com descontos de até 50%, onde você pagaria R$35,00 pelo milheiro.
E como ficar sabendo dessas ofertas? Basta acompanhar diariamente o Pontos pra Voar, onde essas promoções são sempre divulgadas!
Um dos motivos pelo qual as milhas têm valor inferior é que as vendas são oferecidas com descontos mais agressivos, que podem chegar a 80%.
Mais frequente com as milhas Smiles e TudoAzul, o valor tabelado de R$70,00 chega em alguns casos a ser oferecido por R$14,00, se tornando uma boa oportunidade para compra.
Transferindo/Transformando Pontos em Milhas
O segundo motivo pelo qual pontos valem mais que milhas é que pontos podem ser transferidos e transformados em milhas. E que essa transferência pode ocorrer como bonificações que podem chegar a 120%.
Já aconteceram transferências onde essa bonificação chegou a 161% (exclusivo para a Caixa, em janeiro de 2022) ou até 163,6% (exclusivo na promoção Bumerangue entre Livelo e Latam Pass, ocorrido em 2021), mas que não serão objeto de estudo neste momento.
Para mostrar um exemplo dessas transferências bonificadas, imagine que o Pontos pra Voar publique um post onde são oferecidos 100% de bônus ao transferir pontos de um determinado programa de cartões de crédito para um programa das companhias aéreas.
Nessa situação, caso você transfira 10.000 pontos do cartão, receberá no outro programa 20.000 milhas, ou seja, dobrou o seu saldo! Isso significa que você ficou mais rico?
Não obrigatoriamente, mas vamos entender o por quê.
Cotação de Pontos e Milhas
Neste e nos futuros posts relacionados ao assunto, irei considerar que o milheiro de pontos do cartão de crédito vale R$40,00, e que o milheiro de milhas aéreas vale a metade, ou R$20,00, dadas as justificativas apresentadas acima.
E por que R$20,00? Por que costuma ser o preço mínimo do milheiro no mercado das milhas aéreas, segundo empresas especializadas como HotMilhas e MaxMilhas.
Quanto maiores as cotações acima de R$20,00, surgirão oportunidades para rentabilizar a venda de milhas que, apesar de serem proibidas segundo o regulamento dos programas, vem sendo há muitos anos realizada.
Relação Entre Diversas Moedas
Agora quero misturar conceitos de moedas financeiras com essas “moedas” pontos e milhas, pois na minha opinião estão todas relacionadas.
Gosto de utilizar a moeda japonesa, o iene, por ter uma proporção de valor mais próxima à cotação de pontos e milhas. Na cotação de 13/02/2022, 1.000 ienes valiam R$46,00, ou 1 iene valia R$0,046.
Considerando que o milheiro de pontos vale R$40,00 e o de milhas, R$20,00, significa que 1 ponto vale R$0,040 e 1 milha, R$0,020.
Agora vamos fazer um exercício para entender melhor o significado dessas cotações?
Vamos simular a compra de um iPhone 13 com 128Gb de memória. Nas lojas ou sites mais conhecidos no Brasil, o valor é de R$7.599,00.
Na Amazon japonesa esse mesmo smartphone é comercializado por 98.800 ienes, ou cerca de R$4.545.
No site da Livelo, é possível resgatá-lo por 349.950 pontos, equivalente a R$13.998, enquanto no Shopping Smiles o aparelho custa 455.940 milhas, cerca de R$9.119.
E o que quero mostrar com esses exemplos? Que a nossa moeda real é mais fraca em relação a moedas internacionais como o iene (no início de 2020 a cotação no real era de R$0,038), e que nunca (salvo raras exceções) vale a pena trocar seus pontos e milhas por produtos!
Com compras bonificadas e/ou proteção de preço, esse preço no Brasil tende a ficar até mais barato que o valor no Japão. Outro assunto que pode ser abordado no futuro.
Cartão que Oferece Cashback ou Pontos?
Retorno de um Cartão que Acumula Pontos
Pronto! Agora que você já sabe o conceito e o valor de um milheiro, podemos calcular o retorno de um cartão que acumula pontos.
Verifique qual a pontuação do seu cartão: se ele pontuar 1,0 ponto por dólar, comum nas versões Gold, equivale a um cashback da ordem de 0,73%. Se seu cartão for um Black ou Infinite que pontua até 2,2 pontos por dólar, esse retorno chegaria a 1,60%.
Assim, se seu interesse for exclusivamente financeiro, basta comparar esses retornos da tabela com os dos cartões de cashback, e escolher aquele que for maior.
Também não iremos abordar neste momento algumas promoções como o Bateu Ganhou do Santander, que podem até triplicar a pontuação normal dos cartões, tornando o retorno dos pontos muito mais interessante.
Retorno de um Cartão que Acumula Milhas
Por ter uma pontuação até 50% maior que os cartões de pontos, mas com o valor de milhas 50% inferior, o retorno desses cartões cobranded são em média 25% menores. Então não vale a pena?
A análise não é tão simples assim: esses cartões cobranded costumam oferecer benefícios específicos nos programas aéreos, como pontuações adicionais, atendimento e embarque preferenciais, bagagem adicional sem custo, milhas qualificáveis (para obtenção de status) e até cupons para upgrade para a classe executiva, entre outras vantagens.
Então, dependendo da frequência de utilização desses programas, a aquisição de um cartão cobranded dessa empresa pode fazer total sentido para você.
Tudo entendido até aqui?
Cenas dos Próximos Capítulos
A principal finalidade das milhas é a utilização para emissão de bilhetes.
Os programas aéreos possuem alguns resgates chamados sweet spots, que pode ser interpretado como aquele resgate imperdível, cuja quantidade necessária de milhas multiplicada pelo seu valor de mercado fica bastante abaixo do bilhete pagante.
Para essas situações, não faria sentido a comparação entre o cashback e o retorno dos cartões de crédito, por isso serão abordados num futuro post.
O poder das milhas nos programas aéreos nacionais vem se enfraquecendo ano a ano, assim como nossa moeda real. Para minimizar esse efeito, é interessante acumular moedas que conseguem manter seu poder compra, e o mesmo raciocínio deve ser utilizado com relação às milhas. Por isso abordarei em breve a importância em acumular essas milhas valiosas, que não se desvalorizam tanto.
Na atual situação econômica, com sucessivas elevações da taxa Selic (atualmente em 10,75% a.a.), tem aparecido ótimas oportunidades onde não é interessante pagar através do cartão de crédito, sabia? Vamos aprofundá-lo em outra ocasião, assim como vários pontos que foram citados mas não analisados neste post.
Tome Nota
Vários dos cartões de crédito utilizados neste comparativo já foram (ou serão) fruto de análise aqui no Pontos pra Voar. Consulte as avaliações clicando em “Cartões” e depois em “Análise”, ou diretamente aqui para ser direcionado pra as avaliações.
O que achou deste post sobre ter um cartão que acumula pontos ou cashback? Deixe seu comentário e sugestões para serem abordados em futuros artigos.
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