A Azul divulgou na última quarta-feira (14) os resultados do primeiro trimestre de 2025 e surpreendeu negativamente o mercado ao registrar um prejuízo líquido ajustado de R$ 1,82 bilhão. O número acendeu um alerta entre investidores, provocando uma queda de mais de 16% nas ações da companhia ao fim do pregão.
Prejuízo Ajustado Bilionário
A companhia aérea Azul divulgou na quarta-feira (14) os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025. O prejuízo líquido ajustado alcançou R$ 1,82 bilhão, número muito acima dos R$ 324 milhões negativos registrados no mesmo período do ano anterior, um aumento de mais de cinco vezes. O resultado decepcionou analistas e investidores, levando a uma forte queda de 16,08% nas ações (AZUL4), que encerraram o pregão cotadas a R$ 1,20.
Receita Cresce, Mas Rentabilidade Recua
Apesar do prejuízo, a receita líquida total da companhia cresceu 15,3% no trimestre, atingindo R$ 5,39 bilhões. O crescimento, no entanto, não foi suficiente para compensar a deterioração das margens operacionais. O Ebitda ajustado somou R$ 1,38 bilhão, uma queda de 29,4% em relação ao ano anterior, com margem de 25,7% (frente a 30,3% no 1T24).
A queda no indicador de “yield” (preço médio das passagens) em 3,5% também sinaliza pressão sobre a rentabilidade da empresa, que enfrenta um panorama desafiador de custos elevados.
Dívida e Alavancagem Preocupam
A Azul encerrou março com dívida bruta de R$ 34,7 bilhões e caixa de R$ 3,3 bilhões, este último, uma redução de 19% em relação ao final de 2024. A alavancagem financeira saltou para 5,2 vezes, ante 3,7 vezes no mesmo período do ano passado. A companhia atribui esse aumento, em parte, à desvalorização do real frente ao dólar.
A Azul ainda destacou que, se considerada a conversão de parte da dívida com vencimento em 2029 e 2030 em ações, medida que faz parte de um plano de reestruturação em negociação com credores, a alavancagem ajustada cairia para 4,4 vezes.
Reação do Mercado
A reação negativa do mercado ao prejuízo bilionário da Azul no primeiro trimestre foi imediata. Analistas apontaram que o resultado operacional para o trimestre veio abaixo do esperado. O JPMorgan classificou os números como “negativos e decepcionantes”, com Ebitda 19% abaixo das suas projeções e custos unitários (CASK) ex-combustível 9% acima do previsto.
Segundo o banco, parte do aumento nos custos decorre de problemas de fornecimento com OEMs (fabricantes de equipamentos originais), o que gerou mais processos judiciais e aumento de despesas com passageiros, como hospedagem e alimentação.
O Goldman Sachs também demonstrou cautela, mantendo recomendação neutra para os papéis, mesmo com preço-alvo de R$ 4,60, que ainda representa um potencial de valorização importante. O banco avaliou o Ebitda como 20% abaixo de suas estimativas.
Próximos Passos da Azul
Durante teleconferência com investidores, o diretor financeiro da Azul, Alexandre Malfitani, reconheceu os desafios e afirmou que a empresa poderá buscar capital para reforçar sua posição financeira. No entanto, segundo ele, isso será feito apenas no momento mais oportuno, considerando as atuais incertezas macroeconômicas e os ruídos em torno da reestruturação em andamento.
Mesmo com o prejuízo ajustado elevado, a empresa teve um lucro líquido não ajustado de R$ 783 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 1,12 bilhão registrado no 1T24. No entanto, esse resultado é considerado pontual e influenciado por fatores extraordinários.
Com uma frota de 184 aeronaves em operação, três a mais do que no mesmo período do ano anterior, a Azul segue como a única entre as grandes companhias aéreas do país que ainda não entrou em processo de recuperação judicial.
Possível Fusão entre Azul e GOL
A divulgação do prejuízo bilionário da Azul no primeiro trimestre de 2025 e a consequente queda de 16% nas ações da companhia reforçam a percepção do mercado sobre a fragilidade financeira da empresa, apesar de seu esforço contínuo de reestruturação sem recorrer à recuperação judicial. Neste contexto, a fusão com a GOL, que atualmente passa por um processo de Chapter 11 (recuperação judicial nos EUA), pode ser vista tanto como uma oportunidade de consolidação quanto como um desafio operacional e regulatório.
De um lado, analistas veem sinergias potenciais entre as malhas das duas empresas, o que poderia ajudar a equilibrar custos operacionais, melhorar a ocupação de voos e fortalecer a competitividade frente à LATAM. Por outro, a queda na liquidez da Azul, a elevação de sua alavancagem e o cenário macroeconômico complexo aumentam o risco de execução de uma eventual fusão.
Outro ponto importante: a ausência de guidance revisado por parte da Azul e as dúvidas em torno da diluição acionária geram desconfiança entre investidores, o que pode influenciar diretamente nas negociações de uma fusão, especialmente no que se refere à participação de cada grupo no eventual novo conglomerado.
Por ora, não há sinalizações oficiais de avanço concreto nas conversas, mas, como afirmou o próprio CFO da Azul, há “muito ruído no mercado”. Isso pode tanto atrasar quanto acelerar uma decisão estratégica que envolva união com a GOL, especialmente se a captação de capital não ocorrer nos termos esperados pela Azul.
Tome Nota
O prejuízo do primeiro trimestre revelou um cenário extremamente delicado para a Azul, marcado por alta alavancagem, custos crescentes e desconfiança do mercado. Ainda que a receita tenha crescido, a perda de eficiência operacional e as pressões externas, como a variação cambial e questões com fornecedores, acenderam um sinal de alerta para investidores.
Diante dos dados divulgados nos balanços e reações do mercado, a possível fusão entre Azul e GOL fica envolta em ainda mais incertezas, mas também pode ganhar novo fôlego por necessidade estratégica. Agora, resta acompanhar (e torcer para) a capacidade da companhia de reequilibrar suas finanças.
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