A Azul Linhas Aéreas anunciou oficialmente, no início desta quarta-feira (28), a sua entrada com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, por meio do Chapter 11. Dívida da companhia chega a R$ 35 bilhões.
Na semana passada, noticiamos que a Azul estava negociando os detalhes para ingressar com um pedido de recuperação judicial nos EUA e, hoje pela manhã, o notícia foi confirmada. A companhia recorreu ao Chapter 11, dispositivo da legislação americana voltado para empresas em dificuldade financeira que desejam reestruturar suas dívidas sob proteção judicial.
Dívida de R$ 35 Bilhões
A Azul, que acumula um passivo de R$ 35 bilhões, espera cortar esse montante pela metade durante o processo.
Segundo o CEO da Azul, John Rodgerson, a previsão é que o processo dure entre seis meses e um ano. Esse é um período considerado otimista, tendo em vista o histórico recente de outras companhias aéreas da América Latina. A GOL, por exemplo, iniciou sua reestruturação em janeiro de 2024 e está prestes a concluí-la. Já a LATAM levou 2 anos e 4 meses desde que entrou em Chapter 11 em julho de 2020, durante a pandemia.
O que é o Chapter 11?
O Chapter 11 é um dispositivo da Lei de Falências dos Estados Unidos que permite a empresas em dificuldades financeiras reorganizarem suas dívidas sob proteção judicial, sem interromper suas operações. Ao entrar com o pedido, a companhia obtém uma espécie de “blindagem” temporária contra ações de cobrança por parte dos credores, ganhando tempo para negociar novos termos de pagamento, captar recursos e reestruturar suas finanças.
Diferente de uma falência tradicional, o objetivo do Chapter 11 é preservar a atividade da empresa e maximizar sua capacidade de recuperação, protegendo empregados, clientes, fornecedores e investidores ao longo do processo.
Fusão com GOL Congelada
Em meio à turbulência financeira, a Azul optou por colocar “no congelador” a proposta de fusão com a holding Abra, controladora da GOL. A decisão evidencia uma mudança de rota da Azul: antes de qualquer movimento de consolidação, a prioridade da companhia passa a ser sua própria sobrevivência e estabilidade.
“Não vou comentar sobre a fusão agora. Nosso foco está em resolver a situação da Azul”, disse Rodgerson em entrevista ao Painel S.A., da Folha de S.Paulo. O executivo ainda afirmou, de maneira otimista, que “ao desalavancar, a Azul voará mais alto”.
Acordo com Credores e Reforço de Caixa
Diferente de outros processos semelhantes, a Azul chega ao Chapter 11 com uma vantagem competitiva, já entra que com um pré-acordo firmado com credores e uma rodada de capital garantida, o que deve agilizar sua saída da recuperação.
De partida, a empresa levantou US$ 1,6 bilhão com o apoio de oito fundos de investimento e 15 empresas de leasing de aeronaves, incluindo a AeroCap, a maior do mundo e responsável por mais da metade da frota da Azul. A AeroCap aceitou um corte de US$ 670 milhões sobre uma dívida de US$ 1,6 bilhão.
Além disso, os fundos aceitaram trocar US$ 950 milhões em dívida por ações da empresa, transformando-se em acionistas após a reestruturação. Uma Oferta de Direitos de Ações de até US$ 650 milhões também será lançada ao final do processo, com apoio dos atuais parceiros financeiros.
“Os acordos visam transformar a estrutura de capital da Azul, por meio de redução significativa do endividamento e geração positiva de caixa”, afirmou a empresa.
United e American Airlines Entram no Capital da Azul
Outro destaque do plano de recuperação é a entrada futura de duas novas sócias, a United Airlines e American Airlines. As duas gigantes americanas se comprometeram a investir entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões cada, fortalecendo a estrutura de capital da Azul após a conclusão do processo.
Apesar da concorrência no mercado norte-americano, ambas as companhias destacaram o valor da conectividade oferecida pela Azul no Brasil.
“Essa aliança reforça nossa presença na América Latina, onde operamos desde 1942, e complementa outras parcerias em curso, como com a GOL e a JetSmart”, afirmou Stephen Johnson, vice-presidente e diretor de estratégia da American Airlines.
“A United tem orgulho de ter iniciado uma parceria com a Azul em 2014 e ter investido na Azul em 2015. Desde então, conectamos centenas de milhares de passageiros e estamos entusiasmados com a oportunidade de expandir ainda mais esse negócio. Apoiamos o processo de reestruturação da Azul e firmamos Acordos para construir um relacionamento ainda mais forte no futuro”, disse Andrew Nocella, vice-presidente executivo e diretor comercial da United Airlines.
ADRs da Azul Despencam em Nova York
A notícia do pedido de recuperação judicial teve impacto imediato no mercado financeiro. As American Depositary Receipts (ADRs) da Azul, negociadas na Bolsa de Nova York, despencaram no pré-market desta quarta-feira (28). Por volta das 8h40 (horário de Brasília), os papéis caíam 40,18%, sendo cotados a apenas US$ 0,29.
A forte queda reflete a cautela dos investidores diante da reestruturação da companhia, mesmo com o anúncio de um pré-acordo com credores e a captação de US$ 1,6 bilhão em financiamento do tipo debtor-in-possession (DIP), voltado para empresas em recuperação.
Nova Fase na B3
A Azul também anunciou planos para migrar suas ações para o Novo Mercado da B3, segmento mais exigente da bolsa brasileira em termos de governança corporativa. Essa mudança significa que todas as ações da empresa passarão a ter direito a voto, uma exigência para captar recursos em bases mais sólidas com investidores institucionais e estrangeiros.
Programa de Fidelidade e Clientes Azul
Em comunicado oficial, a Azul fez questão de tranquilizar seus clientes quanto à continuidade dos serviços durante o processo de recuperação judicial. A companhia assegurou que o programa Azul Fidelidade seguirá operando normalmente, sem qualquer interrupção ou alteração nos termos, benefícios ou opções de resgate. Os pontos acumulados e o status dos membros permanecem inalterados.
Da mesma forma, todas as reservas realizadas continuam válidas e serão honradas normalmente.
“Nosso programa de fidelidade também continuará sem interrupções durante todo esse processo. Além disso, você pode continuar reservando em todos os nossos canais de vendas. Não haverá mudanças nos termos, benefícios ou opções de resgate disponíveis para os membros do programa. Seus pontos e seu status permanecem os mesmos.” Disse a empresa em comunicado oficial.
Azul em Números
Atualmente, a Azul é a maior companhia aérea do Brasil em número de decolagens e cidades atendidas. A empresa opera cerca de 900 voos diários para mais de 150 destinos, com uma malha de 300 rotas diretas. Sua frota é composta por mais de 200 aeronaves, e conta com mais de 15 mil tripulantes.
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