Nesta terça-feira, 24 de junho de 2025, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) anunciou a cassação definitiva do Certificado de Operador Aéreo (COA) da VOEPASS Linhas Aéreas — anteriormente conhecida como Passaredo — encerrando, assim, as operações comerciais da companhia.
A medida é o desfecho de um processo que se arrastou desde março, quando a ANAC suspendeu cautelarmente os voos da empresa após identificar repetidas falhas graves em seus sistemas de gestão e manutenção.
Histórico da suspensão cautelar
Em 11 de março de 2025, a ANAC determinou a suspensão das operações da Voepass até que a empresa comprovasse a adequação de seus sistemas de gestão da segurança.
A partir de auditorias em bases como Ribeirão Preto, Guarulhos, Congonhas, Recife e Galeão, foram detectadas irregularidades, incluindo a repetida não correção de falhas estruturais em aeronaves, como deformações na fuselagem, trincas na junção entre asa e fuselagem e danos em portas de carga.
A tragédia de Vinhedo e a “Operação Assistida”
O marco mais trágico desse processo foi o acidente de 9 de agosto de 2024, em Vinhedo (SP), que matou 62 pessoas quando um turboélice da VOEPASS caiu sobre uma área residencial.
Em resposta, a ANAC instaurou a chamada “Operação Assistida”, uma fiscalização intensiva da empresa, durante a qual persistiram falhas na execução de inspeções obrigatórias de manutenção, indicando falhas graves em seus controles internos de segurança.
Processo sancionador e perda de confiança
De março a junho de 2025, foram abertos ao menos 15 processos administrativos sancionadores contra a VOEPASS.
A acusação central girava em torno da “perda de confiabilidade dos mecanismos internos de detecção e correção de problemas” e da recorrência de falhas em itens essenciais para a segurança operacional.
O relator do processo, diretor Luiz Ricardo Nascimento, afirma que a empresa teve prazos razoáveis para solucionar as irregularidades, mas falhou de forma reiterada.
Em seu voto, anunciou a cassação definitiva do Certificado de Operador Aéreo, afirmando que não enxergava outra alternativa a não ser a “penalidade capital”.
Consequências imediatas
Com a cassação, a VOEPASS está impedida de operar voos comerciais por pelo menos dois anos.
A empresa, que já operava com apenas sete aeronaves, abaixo da frota original de cerca de 10 ATR-72 antes da suspensão, havia entrado em recuperação judicial em abril, com dívidas que ultrapassavam R$ 200 milhões.
Os efeitos da medida foram sentidos por milhares de passageiros: estima-se que 106 mil viajantes tiveram seus voos cancelados desde a suspensão em março, e muitas dessas pessoas precisaram ser reacomodadas em outras companhias.
Inclusive a LATAM, parceira de codeshare, teve que absorver parte do impacto.
Tome Nota
A decisão da ANAC reforça a postura rígida em relação à segurança da aviação civil no Brasil: “a cassação do Certificado de Operador Aéreo reforça o compromisso da Agência com a proteção dos passageiros e com a integridade da aviação civil brasileira”.
Embora penalidades sejam previstas na regulação, a cassação definitiva é considerada extrema, e mostra que falhas repetidas, especialmente após uma tragédia, têm consequências severas.
Para o setor, há um efeito colateral: a perda de capacidade regional, já que a VOEPASS atendia inúmeros destinos, quase sempre em conexão com grandes centros urbanos.
Para Saber Mais
Clique aqui para ler outras notícias no nosso site.
Que tal nos acompanhar no Instagram para não perder nossas lives e também nos seguir em nosso canal no Telegram?
O Pontos pra Voar pode eventualmente receber comissões em compras realizadas através de alguns dos links e banners dispostos em nosso site, sem que isso tenha qualquer impacto no preço final do produto ou serviço por você adquirido.
Quando publicamos artigos patrocinados, estes são claramente identificados ao longo do texto. Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Não usamos inteligência artificial na geração de conteúdo do Pontos pra Voar. Os conteúdos são autorais e produzidos pelos nossos editores.





