E a novela da incorporação da Smiles pela GOL segue firme, na sua terceira temporada. Porém, nesta rodada a GOL decidiu mudar a tática e colocou a decisão nas mãos dos acionistas da Smiles. No entanto, tudo leva a crer que dessa vez a GOL conseguirá pelo menos chegar a uma assembleia – que deverá demorar mais que o esperado para acontecer.
A GOL é hoje uma das únicas empresas aéreas do mundo que não é dona do seu programa de fidelidade, gerando desconforto na empresa. As duas tentativas iniciais de fusão falharam principalmente porque causa do valor que a GOL atribui à Smiles.
Investidores privados deté hoje 47,3% da Smiles e após a fusão ficariam com algo entre 3% e 9% no que seria a “nova GOL”.
“Está tão difícil desse negócio sair porque o que a Gol está tentando fazer é muito simples: quer pagar no máximo 5 vezes o lucro da Smiles, que tem um contrato de doze anos com ela, quando a Latam pagou 10 vezes pelo lucro da Multiplus, que tinha um contrato só de dois anos”, disse um investidor que já se importou muito com o ativo, mas agora não quer mais dor de cabeça — nem a de formar uma opinião.
Obviamente, durante a negociação quanto menor o valor da Smiles melhor para a GOL. Mas se o negócio sair como esperado a GOL terá uma ajuda de caixa de 510 milhões de reais. E a partir de 2022 espera-se que haja um impacto positivo da ordem de 500 milhões de reais no Ebitda anual.
Assembleia com Acionistas
Esta terceira tentativa de incorporação foi apresentada pela GOL em 7 de dezembro e na sequência a Smiles iniciou a análise da proposta que deveria durar 30 dias. Após esta análise uma assembleia geral deveria ser convocada até o dia 18 de janeiro.
No entanto, ontem a Smiles divulgou uma nota informando que devido à pandemia da covid-19 os análises da proposta da GOL ainda não haviam terminado.
Agradecemos e reconhecemos os esforços empregados pelo Comitê Especial Independente até a presente data. Todavia, tendo presente que o Comitê e seus assessores ainda estão realizando a análise financeira das condições constantes da Proposta e, portanto, o processo de negociação ainda não foi efetivamente iniciado, o cronograma original da Reorganização, que previa a convocação das Assembleias Gerais até o dia 18 de janeiro de 2021, já não será observado.
Nesse sentido, vale ressaltar que uma demora adicional na convocação das Assembleias Gerais, que impossibilite a utilização, para fins da Reorganização, das informações financeiras das companhias com data-base de 30 de setembro de 2020, poderá representar um atraso de mais de 3 (três) meses em relação ao cronograma inicial – um atraso substancial na implementação da Reorganização (caso aprovada), em prejuízo do interesse social.
Pelo visto a discussões deverão avançar até o segundo trimestre.
HT: Exame