Estudo sugere que a preferência dos turistas está mudando, com destinos de clima mais ameno ganhando popularidade devido aos efeitos das mudanças climáticas. No entanto, especialistas divergem sobre essa tendência, apontando que o interesse por destinos ensolarados no sul da Europa ainda é alto, especialmente entre viajantes alemães, enquanto a ideia de “coolcation” parece, para alguns, uma estratégia de marketing.
A pesquisa foi realizada pela Associação de Turismo Visite a Suécia, que declara que acabaram-se os dias de buscas incessantes pelo sol escaldante e pelo calor sufocante. A agência acredita que a preferência dos viajantes mudará: a busca por aquele sol escaldante passará para lugares mais frescos. Esta é uma nova tendência denominada coolcation, termo este que une as palavras em inglês cool (fresco) e com vacation (férias).
A associação afirma que essa tendência reflete o maior desejo dos turistas por destinos com temperaturas moderadas. A associação acredita que, devido aos efeitos negativos do calor extremo decorrentes do aquecimento global, o número de pessoas que irão optar por destinos mais amenos tende a aumentar. Outra associação que vai nesta mesma direção é a Visite a Noruega.
Embora desconsiderado por muitos, várias das tragédias que enfrentamos hoje são decorrentes do aquecimento global e a tendência é que seus efeitos se tornem cada vez mais intensos e evidentes. No setor do turismo, esta mudança já começa a ser percebida. Destinos como Espanha e Itália tiveram as temperaturas mais altas de sua história nos dois últimos anos.
Na Grécia, então, a coisa foi ainda pior. Além das temperaturas extremas, a seca decorrente causou diversos incêndios florestais neste último verão, causando prejuízos enormes, não só financeiros, mas, especialmente, ambientais e, muitas vezes, irrecuperáveis.
E o prognóstico não é exatamente positivo: os especialistas dizem que a tendência para as próximas décadas é que a situação piore cada vez mais.
Um estudo do serviço científico da Comissão Europeia divulgado em 2023 revelou que todas estas mudanças trarão, com certeza, mudanças para o setor de turismo. Observamos um claro padrão norte-sul, com um aumento do turismo nas regiões central e norte e um declínio da demanda nas áreas ao sul.
Segundo o estudo, os países que mais sofrerão as consequências são Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Além disso, o Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Finlândia e Irlanda, entre outros países, sofrerão consequências ainda mais acentuadas.
Já um estudo realizado recentemente pela ETC, Comissão Europeia de Viagens, sugere que os turistas já apresentam alterações em suas escolhas devido ao calor extremo, sendo que 75% dos entrevistados afirmam que já estão tomando ações para se adaptar à crise climática e fugir das altas temperaturas.
Já Martin Lohmann, da Associação de Pesquisas sobre Férias e Viagens, um estudioso há longo tempo do comportamento dos turistas alemães, declara que, até o momento, não há provas concretas de mudanças no comportamento dos turistas. Na Alemanha, não há tendência rumo aos destinos de férias com temperaturas mais amenas, afirma Lohmann.
Em 2023, por exemplo, os turistas alemães realizaram quase 65 milhões de viagens. E o destino de apenas 3,6 milhões do total destas viagens foi a Noruega, Dinamarca, Finlândia e Suécia. Quando estes mesmos viajantes foram questionados sobre quais eram suas preferências de viagem a resposta que teve o primeiro lugar foi lugares com tempo quente e ensolarado. Os destinos mais mencionados pelos turistas alemães foram Itália, Grécia, Espanha, Turquia e Croácia.
Os países localizados no sul da Europa foram muito procurados. A ETC informa que mais de 300 milhões de turistas escolheram o sul da Europa para passar suas férias em 2023. Já o norte da Europa recebeu um pouco mais de 80 milhões de visitantes. A ETC, afirma que, sem dúvida alguma, sol e praia são os grandes destaques citados pelos turistas europeus.
Não podemos deixar de mencionar também que, nos últimos anos, tem havido um aumento de interesse por parte dos turistas quanto aos países escandinavos.
Mas, de concreto mesmo, temos as declarações de Sabine Klautzsch, da Visite a Suécia, que pensa ser difícil afirmar com certeza que houve um aumento maior pelos destinos com temperaturas mais amenas. Interessante também é a posição de Margrethe Helgebostad, da Visite a Noruega, que aponta outros fatores que influenciam o aumento da demanda, como, por exemplo, a taxa de câmbio favorável para os turistas estrangeiros da coroa norueguesa, além de uma bem-sucedida campanha de marketing.
Esta última afirmação vai de encontro com a posição de Peter Zellmann, diretor do Instituto de Pesquisa sobre Lazer e Turismo de Viena. Ele diz que o conceito de coolcation É uma invenção de marketing.
Chegamos à conclusão de que não é possível comprovar com fatos concretos a tendência de mudança de preferência por parte dos turistas. Mas fato é que os Alpes e a região norte da Europa podem ser ótimas alternativas para aqueles que buscam fugir do calor extremo – isso no caso do Mediterrâneo se tornar uma opção inviável para os turistas.
Felizmente, Ainda estamos muito longe disso – é o que afirma o pesquisador Martin Lohmann. E ele continua, Mas é bem possível que isso se torne um tema mais relevante no futuro. Lohmann acredita que esta alteração no fluxo de turistas em decorrência das mudanças climáticas deve levar ainda décadas para se tornar realidade.
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