Recentemente um de nossos leitores esteve na Rússia a trabalho e compartilhou conosco suas impressões de como foi viajar para país em tempos de guerra. Confira seu excelente relato a seguir.
Aqui você encontra:
Viajar para a Rússia em Tempos de Guerra
Segurança
A primeira questão que vem a mente diz respeito à segurança. Apesar de muitos governos não recomendarem a viagem para o país, isso não se aplica ao governo brasileiro, que até o momento não emitiu nenhum alerta ou recomendação nessa linha.
De forma geral, é seguro para um brasileiro visitar o país, porém esteja ciente que a situação pode mudar rapidamente num cenário de conflito, como fronteiras e espaço aéreo fechados. Se você planeja viajar ao país, é válido ficar de olho nos alertas publicados pela Embaixada do Brasil na Rússia, em seus canais oficiais.
Visto e Entrada no País
Desde 2010 brasileiros não precisam de visto para visitar a Rússia, em estadias inferiores a 90 dias. Ao chegar na imigração, os agentes costumam procurar o visto em seu passaporte, mas ao perceberem que se trata de brasileiro eles logo mudam o procedimento.
Além do tradicional carimbo em seu passaporte (que será obrigatoriamente feito, mesmo que você peça para não fazerem), eles irão lhe dar um cartão de imigração, que você deve guardar muito bem durante sua estadia — perdê-lo pode lhe trazer problemas. Você precisará apresentá-lo ao fazer seu check-in no hotel.
Hotéis
As grandes redes de hotel seguem operantes no país, você consegue fazer reservas online sem problemas. Hotéis da Marriott, Hilton e outras redes podem ser facilmente reservados antes da sua viagem. Porém, observe que o seu problema maior será efetuar o pagamento da reserva, que geralmente deve ser feito no ato do check-in ou check-out.
Hotéis na Rússia não podem receber o pagamento da reserva em moeda estrangeira, apenas em rublos. Isso pode ser um problema, caso você não esteja preparado. Veja abaixo como efetuar câmbio no país e como anda a aceitação dos cartões de crédito.
Rotas Possíveis de Viagem
Depois do começo do conflito, diversas companhias aéreas anunciaram o cancelamento das rotas para a Rússia. British Airways, Ibéria, Lufthansa, KLM, SWISS Air, Air France, entre outras companhias europeias, que antes do conflito tinham voos regulares para o país, já não são uma opção. As companhias aéreas russas (Aeroflot e S7) também foram impossibilitadas de voar para a Europa, seja devido às sanções econômicas ou por bloqueios do espaço aéreo europeu.
Isso faz com que as opções de voo atualmente para viajar para a Rússia sejam poucas, impactando no preço, que tem estado mais caro do que o usual. As mais fáceis para quem sai do Brasil seriam a Turkish (via Istambul), a Emirates (via Dubai) e a Qatar (via Doha), essas, porém, são as mais caras. Outras opções mais acessíveis seriam com a Ethiopian (via Adis Abeba) e a EgyptAir (via Cairo), que recentemente anunciou sua nova rota saindo de GRU para o Cairo.
Existem ainda opções de companhias aéreas que não operam voos diretamente saindo do Brasil, mas que mantiveram suas rotas para a Rússia a partir dos seus hubs nacionais: a venezuelana Conviasa (saindo de Caracas e Havana), Royal Air Maroc (via Casablanca), Aeroflot (via Havana em Cuba), e a israelense El Al (via Tel Aviv).
Salas VIPs nos Aeroportos Russos
Sendo estrangeiro, nesse momento você não consegue acessar os lounges nos principais aeroportos internacionais e nacionais do país. Tanto o Sheremetyevo quanto o Domodedovo, que recebem o maior fluxo de estrangeiros, possuem diversos lounges, que estão abertos e funcionando normalmente, porém esses lounges podem aceitar somente acessos de clientes voando em classe executiva ou de cartões de crédito que oferecem esse benefício, porém emitidos na Rússia.
Um levantamento recente aponta que cerca de 110 lounges na Rússia foram descredenciados da rede da Collinson, que administra o PriorityPass e o LoungeKey, a maior rede de lounges do mundo. Até mesmo o chinês DragonPass está sofrendo limitações, pois como os emissores dos cartões são estrangeiros, sua aceitação no país foi também afetada.
Uber na Rússia
Não funciona. Antes mesmo do conflito, pela baixa adesão no país, a Uber decidiu vender sua operação local para outra empresa. Se você abrir o aplicativo ou tentar baixá-lo estando no país, recebe um aviso de que não há carros disponíveis.
Para resolver o problema recomendo o uso do Yandex Go, que pode ser encontrado facilmente nas lojas de aplicativos. O app está em português, é fácil criar seu cadastro, porém há 2 problemas: você precisará se cadastrar informando um número de telefone válido (que consiga receber SMS) e assim completar seu cadastro.
O outro problema é que não dá para cadastrar cartão de crédito internacional no aplicativo, que aceita apenas cartões de crédito de origem russa. Mesmo assim, você consegue chamar um carro e pagar a corrida em dinheiro.
Turismo
Devido ao conflito, o número de visitantes estrangeiros na Rússia caiu bastante. Porém, ainda se pode ver um turismo local e de chineses no país. A maioria das atrações turísticas no país estão abertas e funcionando normalmente. A única que possui uma restrição no momento é a Praça Vermelha e o Kremlin, que estão fechados para visitação. Você pode vê-los, mas a distância:
Praça Vermelha – Acesso limitado aos turistas
Cartão de Crédito e Pagamentos
O maior problema que um turista irá enfrentar ao viajar para a Rússia nesse momento é a não aceitação de cartões de crédito estrangeiros. Não adianta nem perguntar, todos os estabelecimentos com pagamentos via cartão de crédito aceitam apenas os cartões MIR, emitidos pelos bancos russos. Cartões emitidos pela chinesa UnionPay também são aceitos e cartões Visa, Mastercard, Elo, American Express, Diners, emitidos fora do país, não são aceitos.
Isso leva a única opção de ter que pagar tudo em moeda local, o rublo. Alguns poucos estabelecimentos aceitam euros.
Para isso, você encontra facilmente agências bancárias que fazem o câmbio de moedas, tanto em shoppings quanto nos aeroportos. As mais fáceis de encontrar são as do ForaBank. Nas agências você conseguirá fazer o cambio tanto de euro quanto de dólares. Além disso, essas agências costumam abrir de final de semana, geralmente até as 8 da noite.
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