A Mastercard inaugurou na última semana o The Club by Mastercard Black, seu terceiro lounge no Terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos, com regras um tanto quanto curiosas.
E é justamente esse debate que eu quero propor para vocês aqui hoje.
Nesse momento, os únicos cartões aceitos no The Club by Mastercard Black são:
- Itaú The One Mastercard Black
- Santander Unlimited Mastercard Black
Conversei com várias pessoas antes de escrever este artigo e a maioria delas pensa como eu, apesar de ter encontrado alguns defensores da nova política da Mastercard.
Atualmente, temos visto essa tendência no Brasil, que podemos classificar em “VIP do VIP”, um degrau acima do VIP a que estávamos acostumados.
Esse movimento começou com o lounge Advantage do Aeroporto de Congonhas, que criou um espaço VIP dentro da sua Sala VIP, apenas para quem tem os melhores cartões do Brasil, como os cartões BRB Dux Visa Infinite, Bradesco Aeternum, Santander Unlimited, Unicred Visa Infinite e os Mastercard Black das cooperativas Sisprime, Sicredi e Sicoob (Merit).
No caso da empresa acima, que é uma empresa privada independente, esse comportamento é até compreensível, apesar de ser contestável.
Mas no caso da Mastercard, esse comportamento é absurdo!
Sabemos que os cartões acima (Itaú The One e Santander Unlimited Mastercard Black) são cartões mais exclusivos e mais caros, em tese nas mãos de clientes que gastam mais e, na visão da bandeira, podem “merecer” um tratamento diferenciado.
Além disso, é evidente que os bancos Itaú e Santander privilegiam os cartões da bandeira Mastercard. Entretanto, existem outros cartões equivalentes no mercado e cooperativas como Sicoob, Sisprime e Sicredi, que também privilegiam a Mastercard, da mesma forma.
Porém, do ponto de vista da bandeira, essa diferenciação não deveria acontecer, uma vez que todos os cartões Mastercard Black são iguais perante ela, pois são da mesma credencial (ou variante) Black.
Nesse sentido, podemos destacar o princípio da isonomia, amplamente conhecido no âmbito do direito, que nada mais é do que a igualdade dos indivíduos submetidos às mesmas regras, que garante que as normas sejam aplicadas de forma igualitária entre pessoas que estejam na mesma situação.
Dessa forma, o entendimento desse princípio é o de que, o que é válido para um indivíduo, também deve ser válido para os outros na mesma condição deste. No caso em tela, ser associado e/ou portador de um cartão Mastercard Black!
Um exemplo que pode ser citado para fins de comparação é o seguinte: se determinada norma é válida apenas para portadores de necessidades especiais, ela deve abranger todos os portadores de necessidades especiais, independente da sua raça, cor, religião, time de futebol etc.
Isso significa tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais, na medida de suas desigualdades.
Portanto, se por um lado, algumas pessoas estão sustentando que essa foi uma boa medida da Mastercard, a fim de desafogar os outros dois lounges da bandeira no Terminal 3 e dar um tratamento mais exclusivo a quem tem cartões mais exclusivos, a estratégia está equivocada, uma vez que esse tipo de benefício e diferenciação deveriam ser oferecidos pelo banco emissor, que é quem diferencia tais cartões, e não pela bandeira, pois perante ela, todos os cartões Mastercard Black deveriam ser (e são!) iguais.
Tome Nota
É certo que houve uma banalização da credencial Black pelos bancos emissores nos últimos tempos e isso refletiu na superlotação dos lounges da Mastercard no Aeroporto de Guarulhos.
Entretanto, a atitude da bandeira em selecionar apenas dois emissores para acesso a esse novo lounge é totalmente absurda!
Alguns leitores pontuaram o fato de que a Mastercard deveria criar uma credencial superior a Black para corrigir esse problema, o que eu não considero a melhor opção.
A meu ver, o que deveria ocorrer é a readequação dos critérios de elegibilidade ou mesmo a revisão das políticas de isenção de anuidade pelos bancos emissores, a fim de equilibrar novamente essa equação.
Se o erro está nos bancos emissores, não cabe a bandeira diferenciar os seus clientes em iguais condições (portadores dos cartões Mastercard Black), para acesso a determinado lounge, sob pena de violação ao princípio da isonomia, com sérias consequências, inclusive jurídicas.
Agradecemos ao Felippe, que confirmou a informação hoje diretamente na recepção do lounge e ao Fernando Fagundes, que nos enviou a foto do lounge para o artigo.
O que vocês acharam do novo lounge The Club by Mastercard no Terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos e das minhas considerações a respeito da política de acesso?
Deixem suas opiniões nos comentários abaixo.
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