Após meses sob proteção do Chapter 11, a Azul recebeu autorização para implementar uma reestruturação financeira que prevê corte bilionário de endividamento, ajustes nos contratos de leasing e aportes relevantes de companhias aéreas internacionais.
Justiça dos EUA aprova plano de reestruturação da Azul
A Justiça dos Estados Unidos aprovou o plano de reestruturação financeira da Azul Linhas Aéreas no âmbito do Chapter 11, abrindo caminho para que a companhia avance na reorganização do seu balanço e deixe oficialmente a recuperação judicial nos próximos meses. A decisão foi tomada pelo juiz Sean Lane, durante audiência realizada em Nova York, e agora a companhia avança no processo iniciado em maio deste ano.
Com a homologação, a Azul passa a executar um plano que combina redução de endividamento, conversão de dívidas em participação acionária e a entrada de novos investidores.
Redução bilionária de dívidas e ajustes em leasing
O plano aprovado prevê a eliminação de mais de US$ 2,6 bilhões em dívidas e obrigações relacionadas ao leasing de aeronaves. Parte relevante desse passivo será convertida em ações da companhia reorganizada, incluindo cerca de US$ 1,8 bilhão em títulos detidos por credores financeiros.
Além disso, os contratos de arrendamento de aeronaves passarão por uma revisão que reduz em aproximadamente 28% as obrigações futuras, resultado de negociações com empresas de leasing — com destaque para a AerCap, principal arrendadora da frota da Azul.
Segundo a administração da companhia, o conjunto dessas medidas deve reduzir o endividamento total em cerca de 60% e diminuir de forma relevante as despesas financeiras anuais. O CEO da Azul, John Rodgerson, disse à Reuters que a Azul espera sair formalmente do processo de recuperação judicial em fevereiro.
“Agora podemos executar o plano, que é converter toda essa dívida, esse fardo”, disse ele em entrevista. “Essa dívida sai do meu balanço patrimonial e se transforma em patrimônio líquido, então acabamos em uma situação muito mais leve.”
Entrada de United e American no capital da companhia
O plano aprovado também abre espaço para a entrada de recursos por meio da emissão de novas ações. Dentro dessa estrutura, United Airlines e American Airlines se comprometeram a investir, juntas, até US$ 300 milhões no capital da Azul, passando a deter, individualmente, cerca de 8,5% do capital da empresa após a conclusão da reestruturação.
Os aportes fazem parte de uma rodada maior de capitalização que pode chegar a até US$ 950 milhões, incluindo a emissão de novas ações.
O plano de reestruturação contou com amplo apoio dos credores, incluindo fundos como BlackBarn Capital, Readystate Asset Management, Whitebox Advisors e DSC Meridian Capital. Esse respaldo foi determinante para a aprovação judicial e para a viabilização das mudanças propostas.
Fusão com a GOL fica de escanteio
Apesar do cenário de consolidação observado no setor aéreo, a Azul indica que sua prioridade é executar o plano de forma independente. No início do ano, a companhia manteve conversas com o grupo Abra, controlador da GOL, sobre uma possível combinação de negócios, mas as tratativas foram encerradas em setembro.
Questionado sobre o ambiente competitivo no Brasil, Rodgerson afirmou que o foco da empresa está em seu próprio plano e na experiência dos passageiros, sem desviar atenção para movimentos de mercado que não estejam alinhados à estratégia atual.
“Estou super focado no nosso plano individual”, disse Rodgerson. “Cada um tem seu próprio plano, e eu preciso me concentrar bastante nos meus clientes.”
Apesar da decisão favorável nos Estados Unidos, a implementação completa do plano ainda depende de aprovações regulatórias no Brasil. \
Chapter 11 da Azul
Durante todo o processo de recuperação judicial, a Azul manteve suas operações sem interrupções. A empresa segue operando mais de 800 voos diários e atendendo mais de 130 destinos no Brasil e no exterior, reforçando que o Chapter 11 foi utilizado como um instrumento de reorganização financeira, e não como resposta a uma crise operacional imediata.
Diversas companhias aéreas já recorreram ao Chapter 11 nos últimos anos, inclusive GOL e LATAM. O Chapter 11 é um dispositivo da Lei de Falências dos Estados Unidos que permite a empresas em dificuldades financeiras reorganizarem suas dívidas sob proteção judicial, sem interromper suas operações. Ao entrar com o pedido, a companhia obtém uma espécie de “blindagem” temporária contra ações de cobrança por parte dos credores, ganhando tempo para negociar novos termos de pagamento, captar recursos e reestruturar suas finanças.
Diferente de uma falência tradicional, o objetivo do Chapter 11 é preservar a atividade da empresa e maximizar sua capacidade de recuperação, protegendo empregados, clientes, fornecedores e investidores ao longo do processo.
Para Saber Mais
Para ler outras notícias que publicamos recentemente sobre a Azul Linhas Aéreas, clique aqui.
Que tal nos acompanhar no Instagram para não perder nossas lives e também nos seguir em nosso canal no Telegram?
O Pontos pra Voar pode eventualmente receber comissões em compras realizadas através de alguns dos links e banners dispostos em nosso site, sem que isso tenha qualquer impacto no preço final do produto ou serviço por você adquirido.
Quando publicamos artigos patrocinados, estes são claramente identificados ao longo do texto. Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Não usamos inteligência artificial na geração de conteúdo do Pontos pra Voar. Os conteúdos são autorais e produzidos pelos nossos editores.



