Depois de quatro meses convivendo com a covid-19, sem qualquer tipo de viagem, no último fim de semana eu encarei um trem e fui para Cardiff, no País de Gales. Uma jornada que, em outros tempos, teria sido corriqueira, tornou-se “a viagem”.
Eu fui de metrô da minha casa até a estação de Paddington, num horário onde os trens deveriam estar normalmente cheios. No meu vagão, não havia mais que 10 pessoas.
A estação de Paddington, que numa sexta-feira à tarde seria difícil de se locomover, estava quase às moscas. O trem, o último antes do começo do horário de pico onde o preço das passagens aumentam, me lembrou o metrô de minutos antes.
Eu saí de casa com a máscara num bolso e o álcool em gel no outro. Na frente da estação, coloquei a máscara no rosto e devo ter usado o álcool em gel umas três vezes enquanto no metrô sem sequer ter tocado em nada.
A experiência no trêm, numa viagem de duas horas, não foi diferente. Tudo isso num momento onde as transmissões da covid-19 em Londres estão relativamente controladas. Mas, o que essa experiência me mostrou é que perdemos a confiança e o fato de haver ou não contaminações me parece que se tornou secundário.
Portanto, para que a vida volte ao normal, precisamos antes de tudo recuperar a nossa confiança. Confiança essa, necessária para uma viagem nacional, internacional ou até mesmo uma simples visita ao restaurante com os amigos.
O medo de se contaminar, fundado ou infundado, é hoje o nosso maior inimigo e infelizmente tem contribuído para retardar aquilo que todos queremos – a volta à normalidade.
Assim como a Bia falou nesse most, neste momento eu não me sinto preparado para encarar uma viagem internacional. Provavelmente, os riscos talvez sejam muito menores do que eu imagino – mas a confiança ainda não voltou!
Sou o único a me deparar com esse medo?