Um ano após a retomada das atividades, o Aeroporto Internacional de Porto Alegre se aproxima de alcançar os números registrados antes da enchente que paralisou suas operações em 2024. Com cerca de 90% do volume de voos e 95% do fluxo de passageiros verificados no mesmo período de 2023, o terminal de Porto Alegre mostra sinais claros de recuperação e deve encerrar 2025 operando em níveis pré enchente.
Um ano após a reabertura, o Salgado Filho opera perto do cenário pré enchentes. Segundo a Anac, foram 40.114 voos entre janeiro e setembro de 2025. O número corresponde a 88,8% do mesmo período de 2023, que somou 45.180 operações. Além disso, no fluxo de passageiros, a distância é ainda menor. De janeiro a setembro, 5,3 milhões transitaram pelo terminal. Isso representa 95% do volume de 2023, com uma trajetória de alta observada desde o mês de fevereiro.
Retomada após um ano da reabertura
Para outubro, a expectativa é de 708 mil passageiros e 5,4 mil voos, consolidando uma trajetória de recuperação gradual após o período em que parte das operações foi transferida para a Base Aérea de Canoas.
Segundo projeção da Fraport Brasil, concessionária responsável pela administração do aeroporto, espera-se que os índices igualem aos níveis de antes da inundação ainda em 2025. Conforme destacado em nota:
“O aumento no número de passageiros mostra a relevância do aeroporto e como ele está preparado para participar do desenvolvimento e crescimento da cidade”.
Embora a estrutura esteja completamente operacional e até aprimorada após as reformas, especialistas ressaltam que a retomada total depende de fatores externos.
O presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura (Câmara Log), Paulo Menzel, avalia que o Salgado Filho hoje apresenta condições até melhores do que antes da enchente, mas lembra que “não basta ter o aeroporto em plena operação. As companhias aéreas precisam retomar seus fluxos de passageiros e cargas. Esse processo ainda está em andamento, mas já em uma fase bastante adiantada”.
Segundo Menzel, elementos macroeconômicos como inflação, juros altos e perda do poder de compra podem impactar momentaneamente a malha aérea. Ele acredita, contudo, que o setor caminha para recuperar os volumes observados em um passado recente, impulsionado pela chegada das festas de fim de ano. Ainda assim, projeta um cenário mais desafiador no início de 2026, quando o ritmo econômico tende a arrefecer.
E quanto ao setor de viagens?
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado, o movimento atual está dentro da normalidade do setor. Ele observa que a redução pontual em algumas rotas não é exclusividade de Porto Alegre, mas reflexo de ajustes em todo o país.
“As próprias companhias aéreas reduziram os voos. Tem muita companhia que tem menos operações, e não é só Porto Alegre, talvez seja no Brasil inteiro. Uma adequação de voos que não são rentáveis”, explica João Machado.
Expansão comercial e conectividade aérea
A recuperação não se limita à operação aérea. O Aeroporto de Porto Alegre também se fortaleceu comercialmente e hoje abriga mais de 100 operações entre lojas, serviços e opções gastronômicas. Esse número é superior ao existente antes da enchente. A modernização do terminal reforçou a experiência do passageiro e contribuiu para consolidar o aeroporto como um hub regional estratégico.
Atualmente, o terminal opera voos domésticos com LATAM, Azul e GOL, conectando Porto Alegre aos principais destinos do país. Já no cenário internacional, mantém rotas para Buenos Aires, Santiago, Lima, Panamá e Lisboa. Além disso, o aeroporto deve receber ainda neste verão uma nova ligação sazonal para Punta del Este, operada pela Aerolíneas Argentinas.
Apesar dos avanços, o transporte de cargas ainda não atingiu o nível pré enchente. Segundo Menzel, há um processo de readequação logística em andamento, com gradual recomposição das rotas e aumento do volume movimentado. O cenário é de recuperação constante, acompanhando o ritmo da retomada dos voos regulares.
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