Eu compartilho neste post a experiência do nosso querido Bernardo ao abrir a sua conta bancária nos Estados Unidos, que é algo que interessa aos nossos leitores. O interesse vem do fato de que com uma conta bancária é possível solicitar cartões de crédito, que são extremamente generosos em termos de bônus de assinatura, acúmulo de pontos e promoções ligadas a viagens.
Desde já eu o agradeço pela sua boa vontade em escrever o texto que começou com uma discussão em um de nossos grupos de Whatsapp. Aproveito também, para apresentar para vocês o The Points Blog, seu novo blog.
Agora, vamos à experiência do Bernardo abrindo a sua conta bancária nos Estados Unidos!
A Descoberta dos Benefícios
Ainda início do meu contato com o mundo das milhas, me chamou a atenção como os cartões nos EUA ofereciam bônus generosos na aquisição dos mesmos. Esses bônus são muito melhores que os oferecidos no Brasil e ainda mais generosos que os do Japão, que é minha residência atualmente.
Nas minhas leituras diárias dos blogs de viagens eu achei um tutorial do Mestre das Milhas sobre o assunto e foi aí a primeira vez que passei a encarar a ideia de ter uma conta bancárias nos Estados Unidos como algo possível. Com uma viagem em vista foi a vez de encontrar o fantástico tutorial do Pontos e Viagens de como abrir a conta e solicitar cartões.
Uma nota: não tenho nenhum documento oficial de identidade do EUA e todo o processo foi feito como um estrangeiro abrindo uma conta no EUA.
Os fatos que aqui conto refletem apenas a minha experiência e tem o intuito de ajudar aos que têm o mesmo objetivo, servindo apenas como uma referência e não como um guia definitivo e infalível. Todo o processo ainda é recente e estou apenas no início.
Eu sabia, por conta dos tutoriais lidos, que eu precisaria de 03 coisas para abrir a conta: um endereço americano, um número de telefone americano e escolher um banco (e ter a boa vontade do gerente no processo de abertura da conta).
O Endereço Americano
O endereço era algo que eu já tinha. Há cerca de 02 anos descobri a possibilidade de comprar produtos no EUA, a serem entregues nesse endereço e depois serem encaminhados para qualquer lugar que eu precisasse. A minha escolha foi o Planet Express que oferece um plano gratuito (sem custo mensal) e conta com endereços atualmente na California, Oregon (Tax Free) e Inglaterra.
A dica de ouro do Pontos e Viagens foi que esse endereço precisa aceitar cartas e cartões de banco, e nem todos os encaminhadores o fazem. Depois de uma pesquisa, eu descobri que o Planet Express poderia ser utilizado para esse fim e o que estava faltando pra mim era habilitar que fosse recebido em meu nome todo o tipo de correspondência.
Para isso você precisa preencher um formulário (USPS 1583) e seguir as instruções desta página. Depois de preenchido (ou já fazer o download preenchido) é necessário “autenticar” o formulário (imagine que é como ir ao cartório só que virtualmente).
O Planet Express tem uma parceria com o NotaryCam e esse serviço custa U$ 25. Tudo funciona de maneira simples, depois de um contato por e-mail é combinado uma hora para fazer uma vídeo conferência onde seus dados e documentos serão validados (tenha passaporte e seus documentos pessoais em mãos). Feito o processo você recebe uma cópia do formulário autenticado e a partir desse momento qualquer correspondência em seu nome poderá ser recebida.
O Telefone Americano
Mais uma vez, a dica salvadora veio do Pontos e Viagens: não usar qualquer serviço gratuito e tomar cuidado com os serviços pagos. Números do Skype funcionam para chamadas, mas não para receber SMS, Google Voice também tem suas limitações.
O mais simples e garantido parecia ser a opção da T-Mobile, a um custo de U$ 40 por mês. A ideia era fazer esse plano inicialmente e depois procurar por soluções alternativas mais baratas. Ativar o plano pré-pago é muito simples, basta ir em qualquer loja e pagar a taxa de ativação, nem documento me exigiram.
Sugiro ficar atento ao cadastro feito na loja, cuidado com os dados fornecidos como e-mail e data de nascimento, esses dados ajudam depois no acesso a conta online o que facilita o atendimento e troca de planos no futuro. Depois de ativar o plano, verifiquei que a opção mais em conta era trocar para um plano de U$ 10 por mês, mas após a troca comecei a ter problemas em receber SMS no exterior.
O detalhe é que para receber SMS no exterior custa U$ 0.10 por mensagem, então além de U$ 10 você sempre precisa ter um pequeno saldo na conta (eu fiz recargas U$11), mesmo assim o recebimento de SMS era aleatório. Chegou então mais uma dica salvadora do Pontos e Viagens dessa vez por WhatsApp: um aplicativo chamado TalkU.
O TalkU permite que, a um custo muito baixo (R$18,90 por ano), você possa criar um número no EUA que funciona (até agora sem problemas) para receber ligações e SMS. Mesmo pagando pelo número, você ainda precisará de créditos no aplicativo, que podem ser conseguidos sem custo, vendo uns anúncios e fazendo umas atividades diárias (gasto em média de 3 a 5min por dia nisso no máximo).
A interface do aplicativo não é das melhores e tem muita propaganda, mas o não tenho nada a reclamar até o momento.
Por garantia, nesse processo todo, também fiz um número do Google Voice que uso como número primário sempre que possível, já que funciona como uma espécie de redirecionador para seus outros números. Ou seja, atualmente tenho dois números (dois aplicativos no meu celular): Google Voice e TalkU.
O Banco Escolhido e o Dia de Abrir a Conta Bancária nos Estados Unidos
Chegou o dia da minha viagem, que na verdade era uma parada de 12h em Nova York. A missão principal não era a conta, mas com as condições certas eram também um dos objetivos. Já era cerca de 15h quando eu estava no centro financeiro de Nova York e passei por uma agência do Bank Of America.
Detalhe: mais uma vez seguindo as dicas, já tinha decidido que o Bank of America seria a melhor opção de banco para ter uma conta bancária nos Estados Unidos, pela possível facilidade em abrir a conta e por todo o conjunto que eu tinha estudado: tipos de conta, custos e etc. Entrei no banco e o diálogo foi mais ou menos assim:
Gerente – Boa tarde, como posso ajudá-lo?
Eu – Gostaria de abrir uma conta como estrangeiro
Gerente – Pois não, serão necessários dois documentos, um endereço e um número de telefone
Eu – Tenho meu passaporte e outros documentos, mas não tenho nenhum documento, nem SSN. Também não tenho comprovante de endereço.
Gerente – Pode ser difícil, mas podemos tentar, o sistema pode bloquear.
Eu – Quanto tempo irá levar para sabermos?
Gerente – Cerca de 20 minutos.
A conversa inicial tinha sido positiva, mas na verdade a realidade foi diferente disso. Como meu número não estava funcionando corretamente e tinha uma loja T-Mobile do lado, disse ao gerente que voltava em 15min. Fui à loja, resolvi rapidamente e voltei para encontrar o gerente ocupado com outra pessoa. Me pediram para aguardar que outra pessoa viria me atender (e eu pensando: me lasquei!).
Meia hora de espera depois, uma outra gerente veio me atender, supersimpática, já dizendo que estava acostumada a fazer aquele tipo de conta. A partir daí o processo foi rápido, ela ia pedindo meus dados e documentos e eu ia fornecendo conforme solicitado. Foram usados o meu passaporte e um cartão de outro banco como documentos, o endereço do Brasil, o endereço do EUA, o telefone e pronto: conta aberta.
Vale observar que para o banco são dois processos: abertura de conta e solicitação de cartão. Nesse ponto apenas a primeira parte estava feita. Eu sabia que para partir para outros cartões eu precisava ter conta em um banco e começar a criar meu histórico de crédito no EUA.
Quando acabou esse processo ela mesmo já me perguntou se eu queria fazer o cartão, explicando que eu deveria fazer um depósito que serviria como limite do cartão. O processo do cadastro se repetiu e pronto, cartão aprovado (ela vibrava mais que eu a cada aprovação).
Tinha chegado o momento então dos pagamentos. O Bank of America possui basicamente dois tipos de conta: checking e savings (conta corrente e poupança). Para se abrir a conta e não pagar nenhum tipo de taxa mensal é preciso ter um depósito mínimo de U$ 1.500 na conta corrente e U$ 500 na poupança. Somando ao depósito inicial do cartão eu tinha duas opções: U$ 2.300 (U$1500 + U$ 500 + U$ 300) ou U$ 325.
Explico: no final decidi que não precisava da conta poupança, apenas a corrente já me servia e não queria naquele momento fazer um depósito tão grande, pois pretendia depois fazer transferências via TransferWise com custo menor. Então o saldo a pagar foi U$25 como depósito mínimo da conta e U$300 para o cartão.
Tudo feito, formulários assinados, senhas criadas e sensação de dever cumprido. Era proprietário de uma conta e um cartão no EUA, que seria entregue entre 3 e 5 dias úteis.
Os Cartões de Crédito (Apenas o Início da Jornada)
Passados 03 dias recebi o e-mail do Planet Express que um documento havia sido entregue. Não encaminhei pra mim imediatamente e dois dias depois chegou outro envelope do banco. Dentre as opções para envio eu poderia escolher desde Fedex ou DHL com entrega em 3 dias ou entrega via USPS com 12 dias. Como estava viajando e sem pressa, escolhi a mais demorada e mais barata a um custo de U$24 pelos dois envelopes.
Antes mesmo do prazo, os dois envelopes foram entregues: um era o cartão, Mastercard, com U$ 300 de limite e o outro o comprovante dos depósitos que eu tinha feito.
Nesse momento, logo depois da saída do banco eu já tinha meu acesso online criado e funcionando. A gerente tinha me pedido para acessar nos primeiros 3 dias, diariamente, só para ter certeza que tudo estava ok e eu já tinha mudado todo meio de comunicação para e-mail ou SMS, evitando correspondências desnecessárias em papel
Passei alguns pagamentos que tenho frequente para o cartão, como Netflix, Claro e outras para gerar movimentação e fiz depósitos pequenos na conta corrente durante 03 meses. De novo estava seguindo a recomendação de esperar no mínimo 3 meses para poder pedir outro cartão.
Dois dias atrás, antes ainda do prazo oficial de 03 meses, resolvi que era hora de tentar um novo cartão e minha estratégia inicial era de pedir cartões da American Express que não tivesse anuidade. O objetivo era continuar aumentando meu histórico de crédito e usar de boas opções sem custo mensal.
Primeira tentativa: American Express Blue Cash Everyday® Card. Sem anuidade e com bônus de U$ 200 na fatura depois de U$ 1.000 de gastos nos primeiros 03 meses. O preenchimento do formulário foi simples e no SSN coloquei 999999998, mas o detalhe mais importante foi que eu marquei a opção que dizia mais ou menos assim: “clique aqui se você já tem um cartão em outro país e quer que usemos esse histórico para seu novo cartão”.
Escolhi essa opção por possuir um outro cartão Amex Gold no Japão, mas não posso precisar até que ponto isso atrapalhou ou ajudou. Sei que ainda assim recebi um e-mail que meu pedido estava sendo analisado e eu deveria ligar para a central de atendimento.
Fiz conforme solicitado e depois de um atendimento breve, confirmação dos meus dados pessoais e um “espere um momento” recebi a informação que o cartão tinha sido aprovado! Vibrei com a notícia.
Escrevo esse depoimento antes mesmo de receber o cartão em mãos, para compartilhar minha experiência ao abrir uma conta bancária nos Estados Unidos e dizer que também resolvi ser mais cauteloso e não pedir nenhum outro cartão, apesar de que a regra diz que mais de um pedido no mesmo dia não prejudica seu histórico de crédito. Como o ano deve ser muito difícil para viagens, decidi começar devagar e depois passar para cartões melhores e maiores.
A estratégia agora é atingir a meta e daqui a 03 meses pedir o Hilton Honors American Express Surpass® Card com U$ 95 de anuidade e 125.000 de pontos depois de U$ 2.000 de gastos nos primeiros 03 meses.
Nota: Mais uma vez agradeço ao Bernardo por compartilhar conosco a sua experiência ao abrir uma conta bancária nos Estados Unidos.